Charlie Whiting, diretor da F-1, morre na Austrália na semana de GP
O primeiro dia de atividades para o GP de abertura da temporada da Fórmula 1 começou com uma notícia triste para o esporte: o diretor de provas Charlie Whiting, de 66 anos, morreu em decorrência de uma embolia pulmonar. O britânico foi encontrado sem vida em seu quarto de hotel em Melbourne, na Austrália.
Whiting era o último remanescente do time que Bernie Ecclestone levou consigo da Brabham, time que dirigiu nos anos 70 e 80, para o comando da Fórmula 1. Ele estava na categoria em 1977, na extinta equipe Hesketh, e nos anos 80 foi para a Brabham e trabalhou com Nelson Piquet na conquista de seu bicampeonato com o time inglês. Em 1988, ele se juntou à Federação Internacional de Automobilismo, primeiro como delegado técnico, e depois como diretor de provas.
"É com uma tristeza imensa que fui informado do falecimento repentino de Charlie. Conheço-o há muitos anos e ele foi um grande diretor de provas, uma figura central na F-1, que encarnava a ética e o espírito deste esporte. A Fórmula 1 perdeu um amigo fiel e um embaixador carismático", disse o presidente da FIA, Jean Todt.
"Conhecia Charlie há muitos anos. Trabalhamos juntos como mecânicos, nos tornamos amigos", disse Ross Brawn, diretor da FOM. "Passamos muito tempo juntos nas pistas ao redor do mundo. Estou arrasado. É uma grande perda não apenas para mim pessoalmente, como também para toda a família da F1, da FIA e do esporte a motor como um todo. Todos os nossos pensamentos estão com sua família."
Outro que também se declarou a respeito da morte repentina de Whiting foi Toto Wolff, chefe da Mercedes. "Eu fiquei chocado e entristecido pela notícia do falecimento de Charlie. Ele era um pilar de nossa família da F-1 - equilibrado em sua abordagem, sutil em seu entendimento e sempre teve o interesse da F-1 como seu maior foco. Todos nós que tivemos sorte de conhecê-lo vamos sentir falta de seu senso de humor."
Já o chefe da Red Bull, Christian Horner, destacou o papel de Whiting como "juiz" na Fórmula 1. Era ele quem comandava a equipe de comissários, responsável por decidir sobre punições a pilotos e equipes. "Ele era um homem muito íntegro, que desempenhava uma função difícil de forma equilibrada. No fundo, ele era um homem dedicado às corridas, tendo suas origens lá atrás nos tempos de Hesketh e no começo da Brabham. A comunidade da F-1 sentirá muito a sua falta."
Mas se havia uma "categoria" que estava devastada com a perda repentina de Charlie Whiting eram os pilotos. Afinal, a grande função do diretor de provas era ouvir as reivindicações deles e levá-las aos chefes.
Pilotos lamentam perda de elo com chefia da F1
"Quando é algo repentino você nem sabe como reagir", disse Daniel Ricciardo ao UOL Esporte. "Os pilotos o conheciam muito bem, a gente sempre falava com ele, trazíamos todos os nossos problemas para ele e ele sempre parava para ouvir e se importava. Acho que ainda não caiu a ficha. Vou lembrar das coisas positivas."
Lewis Hamilton foi outro que destacou a maneira como Whiting ouvia os pilotos e era o elo entre eles e os chefes da F-1.
"Foi algo tão chocante que nem sei o que falar. Conheço Charlie desde que comecei na F-1 e é algo muito difícil de digerir e é louco que tudo segue adiante. A vida é muito preciosa e tão significativa de um lado e insignificante do outro porque o mundo continua girando e isso é triste. Tive grandes conversas com ele e ele sempre apoiou muito os pilotos - ele era a ligação entre nós e os comandantes do esporte. Quem vai ocupar esse lugar? É um papel muito difícil de ocupar."
Voltando ao papel de piloto titular na Fórmula 1 neste final de semana, Robert Kubica revelou que se arrepende de ter visto Charlie nesta quarta-feira na pista, mas não foi falar com ele. "Conheço ele há anos. Ontem vi ele dando uma volta com Vettel e queria dar um oi mas pensei 'espero até a reunião dos pilotos da sexta'. Infelizmente, isso não vai acontecer. É muito triste. Meus pensamentos estão com seus amigos e família."
Vettel, que teve uma relação conturbada com Whiting, recebendo uma punição disciplinar por tê-lo xingado no GP do México de 2016, destacou como o diretor de provas "fazia parte da família da Fórmula 1 e por isso cabe a nós fazer com que seu espírito fique presente. Ele amava as corridas e fez coisas que serão lembradas por um longo tempo."