Citi volta a cortar previsão do PIB e projeta alta de 1,4% em 2019
O Citi Brasil rebaixou mais uma vez sua estimativa para o crescimento da economia brasileira neste ano diante da decepção com os dados do primeiro trimestre, e atribui 30% de probabilidade a um cenário alternativo no qual o Banco Central começará a cortar juros no segundo semestre.
O Citi espera agora que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil aumente 1,4% em 2019, contra elevação de 1,8% da previsão de abril, já abaixo dos 2,2% estimados anteriormente.
O banco privado diz que as duas quedas do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) em janeiro e fevereiro aumentaram significativamente os riscos de uma contração do PIB no primeiro trimestre. Mas o cenário-base ainda é de expansão tépida do PIB, de apenas 0,1% sobre os últimos três meses de 2018.
"Para 2020, estamos mantendo nossa estimativa de 2% de alta do PIB (aquém do consenso), mas os riscos para baixo estão aumentando", disse em nota nesta quinta-feira o economista-chefe do Citi no Brasil, Leonardo Porto.
O crescimento mais fraco implica aumento nas estimativas para a taxa de desemprego. Porto vê taxas médias de desocupação em 11,5% em 2019 (11,4% antes) e de 10,1% em 2020 (10% antes).
Mesmo com cenário de economia mais fraca e desemprego mais elevado, o Citi manteve o prognóstico de alta do IPCA em 3,8% neste ano (abaixo do centro da meta, de 4,25%). A explicação passa por choques de oferta de curto prazo e pela volatilidade cambial maior que a esperada.
O Citi prevê dólar a R$ 3,76 ao fim de 2019 e de R$ 3,67 ao término de 2020.
Crescimento mais fraco e inflação abaixo da meta, contudo, não são suficientes para respaldar mais estímulo monetário neste momento, devido à maior incerteza política.
Quatro fatores restringem a retomada de queda de juros pelo Copom, na visão do Citi: atual comunicação, um novo colegiado tentando estabelecer credibilidade, espaço relativamente limitado para queda da Selic e elevada incerteza sobre o eventual impacto fiscal de uma reforma da Previdência.
Porém, o Citi não descarta chances de corte do juros e vê 30 por cento de chance desse cenário, mas ainda tem como estimativa oficial Selic estável até pelo menos o quarto trimestre de 2020.
PREVIDÊNCIA
O Citi projeta que a Câmara dos Deputados aprovará a reforma da Previdência no terceiro trimestre, enquanto o Senado dará aval ao texto nos últimos três meses do ano. O custo, porém, será uma reforma diluída, com economia em dez anos de pelo menos 500 bilhões de reais, ante proposta do governo de 1,2 trilhão de reais.
Sondagens informais feitas pelo Citi com clientes indicam que o mercado começou a precificar maior probabilidade de uma economia na faixa entre R$ 500 bilhões e R$ 750 bilhões, com viés de baixa.