Com 5.000 livros, centro de referência em literatura infantil será aberto no RS

Uma biblioteca com cerca de 5.000 títulos infantojuvenis do mundo inteiro vai abrir as portas em Caxias do Sul (RS).

A partir de novembro, a cidade da Serra Gaúcha com 435 mil habitantes e distante 120 km da capital, Porto Alegre, será sede de um dos principais centros de referência em livros para crianças e adolescentes do país.

Batizado de Instituto de Leitura Quindim, a iniciativa é do casal Volnei Canônica e Roger Mello –único ilustrador brasileiro a vencer o prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura para esse público.

“Caxias é minha cidade natal, mas a intenção foi sair do eixo Rio-São Paulo, que já está lotado de programação. Queremos que interessados em livros infantis e juvenis de todo o Brasil e até estrangeiros vejam no Instituto um lugar de pesquisa e de convivência”, conta Canônica.

Segundo eles, a ideia é fazer com que a cidade gaúcha represente para a literatura mais ou menos o que Brumadinho (MG), sede do Inhotim, simboliza para as artes.

Para isso, a biblioteca contará com títulos nacionais e internacionais premiados, publicados em diferentes línguas, entre elas português, inglês, chinês, árabe e coreano. Todos fazem parte do acervo pessoal da dupla, garimpado em livrarias e feiras ao redor do mundo. Muitas das edições internacionais ainda não têm versões brasileiras.

“Trazer novas culturas para a criança e o adolescente é um jeito de fazer com que eles percebam, a partir da leitura, que o mundo é diverso. É algo muito importante, ainda mais nesses tempos que estamos vivendo.”

Também estará disponível material teórico para pesquisadores do livro ilustrado, como catálogos de ilustradores de todos os continentes.

Cada visitante poderá fazer as consultas no local, que ficará aberto de quarta a domingo, das 10h às 20h. A inauguração está marcada para o dia 30 de novembro. A partir dessa data, usuários cadastrados poderão retirar 10 títulos pelo período de até 15 dias.

“As crianças vão poder levar uma minibiblioteca para casa”, completa Canônica.

Para quem quiser ter as obras em definitivo, uma livraria comercializará alguns dos títulos.

PRÊMIO E CENTRO DE ESTUDOS

Além dos livros, o espaço abrigará um centro de pesquisa sobre a infância, a literatura para esse público e a cadeia do livro. Na inauguração, entre os dias 30/11 e 2/12, um seminário de três dias irá discutir o panorama atual da cadeia do livro no Brasil, com mesas e debates sobre políticas públicas, promoção de leitura e mercado editorial.

Entre os convidados, estarão presentes representantes do governo federal e do terceiro setor. Autores e ilustradores, entre eles Ricardo Azevedo e Mariana Massarani, confirmaram presença nos eventos de abertura, que contarão ainda com contação de histórias, exposição do ilustrador Daniel Kondo e projeções de cinema.

Para dar visibilidade aos estudos desenvolvidos no instituto e publicar artigos, uma revista será impressa bimestralmente. A versão online da publicação terá o material traduzido para inglês, espanhol e italiano –este último, porque a principal feira internacional de livros infantojuvenis ocorre anualmente em Bolonha, na Itália.

No ano que vem, o espaço organizará também um prêmio literário anual. Só que, em vez de as categorias serem definidas por gêneros literários, elas estarão ligadas a perfis de bibliotecas.

Assim, a premiação nomeará quais obras lançadas no último ano devem constar no acervo de bibliotecas para a primeira infância, em espaços para adolescentes, em bibliotecas escolares e assim por diante.

“Não vamos ter um número máximo ou mínimo de premiados por ano. Mais do que entregar uma medalha para um autor ou ilustrador, queremos dar subsídio para que o governo e os bibliotecários saibam quais obras lançadas valem a pena para os seus acervos”, explica.

A primeira premiação deve ocorrer em data próxima a 18 de abril, quando é comemorado o nascimento de Monteiro Lobato e o Dia Nacional do Livro Infantil.

Inspirada no instituto colombiano Espantapájaros, escola para crianças que usa a literatura como linha de frente e que tem Yolanda Reyes como uma de suas fundadoras, o Instituto Quindim funcionará num local conhecido como Moinho da Cascata.

O prédio de 1905, feito sob influência da arquitetura industrial do século 19 e tombado pelo município, está sendo reformado para abrigar o espaço. Hoje, o grupo de teatro Ueba já ensaia e se apresenta por ali.

 

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