Contra o centrão, oferecemos a face da população, diz Marina em debate
Sem alianças partidárias até agora, a pré-candidata Marina Silva (Rede) disse nesta sexta-feira (13) que aposta numa união dos eleitores contra o centrão, o grupo de partidos que negocia a adesão a alguma candidatura presidencial.
"Entrei nessa campanha literalmente para oferecer a outra face. Para a face da violência, nós entramos com a cultura de paz. Para a face da mentira, a verdade. E, para a face do centrão, apostar na população", afirmou a ex-senadora ao participar de debate em São Paulo.
Marina foi a segunda pré-candidata ao Planalto a comparecer a uma série de eventos do movimento Reforma Brasil com os presidenciáveis. A iniciativa, que se define como apartidária, é liderada pela Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo.
Alvaro Dias (Podemos) foi o primeiro a participar dos encontros sobre uma proposta de reforma política. João Amoêdo (Novo) deverá ser o próximo.
Marina disse que mantém diálogo com partidos em busca de uma coligação —PROS, PMN e PHS estão os alvos—, priorizando o que chama de alianças coerentes, com base em convergência de programas e não em acordo envolvendo tempo de TV.
Ela evitou comentar a decisão do PPS, um dos partidos desejados por sua campanha, de fechar apoio a Geraldo Alckmin (PSDB), mas afirmou ter respeito pelo presidente da sigla, o deputado federal Roberto Freire (SP).
Lideranças da Rede já se resignam com a hipótese de que a candidatura não feche nenhuma aliança nacionalmente. O chamado centrão, formado por legendas como DEM, PP, SD, PRB e PR, hoje se divide entre Alckmin e Ciro Gomes (PDT).
No discurso sobre reforma política, o tema da noite, a ex-senadora disse que as modificações aprovadas no Congresso no ano passado mantiveram distorções e privilégios, com "mais recursos para os partidos, mais poderes para as lideranças políticas, menos transparência".
Uma nova reforma, falou, é peremptória e está na base das grandes transformações que o Brasil precisa fazer. "Nós queremos melhorar a qualidade da política, melhorar as instituições", defendeu, falando sobre um projeto que leve o país "a institucionalizar políticas, e não a fulanizá-las".
A pré-candidata, no entanto, afirmou que só a sociedade pode fornecer "um novo termo de referência", já que as alterações feitas em 2017 desconsideraram insatisfações populares com o poder.
"A postura do cidadão brasileiro, dentro de um movimento como este que está sendo feito aqui, é que vai promover uma reforma política. Não vamos nos iludir que aqueles que foram privatizando as estruturas em benefício próprio ou que estão dentro delas vão fazer as mudanças para perder seus privilégios", discursou ela.
Marina disse considerar "muito estranho" que um político proponha uma reforma "estando escondido dentro de um ministério ou dentro de um gabinete de deputado ou de senador para não ser investigado".
A fundadora da Rede é hoje a segunda colocada na pesquisa Datafolha em cenário sem o ex-presidente Lula (PT). Ela alcança 15% das intenções de voto, segundo levantamento de junho. O deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) lidera, com 19%.
Como a Folha mostrou nesta semana, a ex-senadora, que é fiel da Assembleia de Deus, busca manter pontes com igrejas evangélicas em meio às atividades de campanha. Marina chega a 18% de intenção de voto entre seus pares.
A jornalistas, no encerramento da palestra, ela disse que a distribuição dos votos da população não obedece a segmentos, com divisão entre evangélicos ou católicos. "As pessoas vão votar como cidadãos."
"Eu tenho a felicidade de ter voto de evangélico, de espírita, de católico, de quem crê e de quem não crê", afirmou.