Corinthians e Fla duelam nos playoffs do NBB com pretensões distintas
Clubes com muita história no basquete e donos das duas maiores torcidas do futebol brasileiro, Corinthians e Flamengo se enfrentam a partir das 14h deste sábado (13), pela série de quartas de final dos playoffs do NBB.
O primeiro confronto terá transmissão da Band, e ganha a série quem vencer três jogos.
No atual modelo da liga nacional, o time rubro-negro é o maior vencedor, com cinco títulos (2009, 2013, 2014, 2015 e 2016). Já o alvinegro, que reativou seu projeto na modalidade depois de 20 anos, disputa a primeira temporada na elite após o acesso em 2018.
O jogo entre as equipes no segundo turno da primeira fase teve a maior audiência da temporada e também o maior público, com 4.075 pessoas no ginásio Wlamir Marques.
Agora a expectativa é que o ginásio corintiano, no Parque São Jorge, esteja lotado, já que 7.000 torcedores (capacidade máxima) reservaram ingressos. Eles serão trocados por 1 kg de alimento neste sábado, no acesso ao ginásio. Como estipulado pelo NBB, jogos com dois clubes de futebol têm torcida única.
Mesmo com a empolgação corintiana, as pretensões de cada time na liga não deixam dúvidas sobre quem entrará mais pressionado pela vitória.
“A gente tem consciência que o projeto de basquete do Flamengo está bem mais avançado que o nosso. A responsabilidade é deles, mas vai que acontece, quem sabe a gente não surpreende”, diz Donato Votta, diretor de esportes terrestres do Corinthians.
Recém-chegado à elite, o time passou por dificuldades. Primeiro para montar um elenco que pudesse ser competitivo. Depois, ao perder seu principal reforço, o armador Ricardo Fischer, com uma lesão que o tirou da temporada.
A solução veio do Uruguai. Luciano Parodi, até então desconhecido no basquete brasileiro, chegou para comandar a armação de jogadas da equipe. Outro estrangeiro, o peruano Kyle Fuller rapidamente virou um dos ídolos da equipe. Cestinha do NBB até aqui, ele ganhou o apelido de “gringo da favela”, por ter crescido em uma comunidade de Lima.
Com a sétima posição na fase de classificação, o Corinthians registrou a melhor campanha de uma equipe vinda da divisão de acesso na competição. Para chegar às quartas de final, superou Brasília na prorrogação do jogo decisivo.
Além do desempenho em quadra, o diretor comemora a chegada de um patrocinador para o basquete durante o torneio, a relação criada com a torcida e a exposição na mídia. Das 26 partidas do time na primeira fase, 21 tiveram exibição —a quarta equipe com mais transmissões.
“O que a gente leva de positivo é como a torcida comprou a ideia do basquete. O futsal demorou para ter ginásio lotado. Mostramos que dá para capitalizar, o retorno de imagem que o Corinthians teve é muito grande”, afirma Votta.
Após passar pelo segundo ano em branco no NBB, o pentacampeão Flamengo resolveu mudar. Não só de técnico, com a chegada do atual campeão pelo Paulistano Gustavo de Conti, e de novos jogadores, mas também a filosofia do seu projeto de basquete.
Diego Jeleilate, outro ex-Paulistano e seleção brasileira, foi contratado para ser o general manager —com o nome do em inglês mesmo, como na NBA— e mudar a relação do clube com a sua base.
A meta é revelar mais jogadores e tornar o Flamengo uma referência na formação em três ou quatro anos.
Em qualquer lugar com muita história, seu poder de convencimento tem que ser bem grande, porque o pessoal costuma ficar debruçado em conquistas passadas. O principal desafio é a compra de um projeto novo, as pessoas se envolveram e se sentirem parte dele”, diz Jeleilate.
Mas nem por isso a cobrança sobre o elenco profissional diminuiu, pelo contrário. “Quem vem para o Flamengo sabe que vem para ganhar tudo. A gente não comemora outra coisa que não seja o titulo. É o maior orçamento, então a cobrança é a maior.”
Apesar de reconhecer o favoritismo, ele alerta para o que aconteceu com o Paulistano nas oitavas de final, eliminado de forma surpreendente pelo Basquete Cearense.
Se as ambições de Flamengo e Corinthians no basquete ainda são diferentes, a empolgação para a partida é consenso. “Era um sonho ter Corinthians e Flamengo nos playoffs no primeiro ano”, diz Votta.
Jeleilate concorda: “O futebol promove essa paixão. São públicos diferentes, mas um Flamengo e Corinthians serve pra ativar qualquer projeto”.