No Amapá, Bolsonaro defende explorar Amazônia e reserva mineral
Durante a inauguração do novo aeroporto de Macapá, nesta sexta-feira (12), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) aproveitou para defender a exploração da Renca (Reserva Nacional do Cobre Associados).
A reserva mineral chegou a ser extinta no governo de Michel Temer (MDB), mas depois houve recuo. Com tamanho equivalente ao estado do Espírito Santo, ela fica na divisa entre Pará e Amapá, e é rica em ouro, ferro e cobre. A reserva, apesar de se destinar à proteção de recursos minerais, é tida por ambientalistas como uma importante barreira para a preservação da fauna e flora locais.
"Sempre me refiro, no tocante a riquezas, ao pequeno estado de Roraima. Mas este grande estado, médio estado do Amapá, também é rico. Conversando com alguns parlamentares, vamos conversar sobre a Renca? A Renca é nossa. Vamos usar as riquezas que Deus nos deu para o bem-estar da nossa população”, declarou.
Bolsonaro disse ainda que o Amapá não precisaria se preocupar com seus ministros, citando especialmente as áreas de Meio Ambiente e Minas e Energia. Questionado por um repórter se a Amazônia ainda era do Brasil, o presidente defendeu a exploração da região.
“Se você estudar um pouquinho mais, com todo o respeito a você [se referindo ao repórter que fez a pergunta], com essa indústria de demarcação de terras indígenas, que nasceu lá atrás, depois que o [João] Figueiredo (1979-1985) deixou a presidência, pode, mais cedo ou mais tarde, nós perdermos a Amazônia, porque novos países poderão passar a existir aqui dentro do Brasil”, afirmou.
Essa foi a primeira visita de Bolsonaro ao Amapá, o único estado que ele não visitou durante a campanha presidencial. Quando seu nome foi chamado ao microfone, o público presente puxou gritos de "mito!".
Terra do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), Bolsonaro aproveitou para fazer elogios ao senador, com quem disse ter jogado futebol muitas vezes em Brasília.
“No meio do meu nome tem Messias, por coincidência, sou crente em Deus, sou cristão. Quando o Alcolumbre começou a correr atrás de uma possível candidatura ao Senado, eu conversei com ele. Fiz uma brincadeira, que deu certo: Davi, tem Messias no Planalto, por que não, um Davi no Senado?”, brincou.
Na chegada ao aeroporto, Bolsonaro se reuniu em uma sala privada com o governador Waldez Góes (PDT), o prefeito de Macapá, Clécio Luis (Rede), os três senadores do estado, o presidente Davi Alcolumbre (DEM), Lucas Barreto (PSD) e Randolfe Rodrigues (Rede) e os oito deputados federais do Amapá.
O ministro Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura) disse que o aeroporto, inaugurado no 101º dia de governo, é sinal de que “o governo Bolsonaro veio para mudar o panorama da infraestrutura no Brasil”.
As obras do novo aeroporto começaram em 2004 e foram paralisadas em 2008, depois que uma auditoria do Tribunal de Contas da União apontou irregularidades.
Apesar de ter tido a situação considerada regular no ano seguinte, as obras só foram retomadas em 2014, no governo Dilma Rousseff (PT). A previsão de inauguração era 2017.
Segundo o governador Waldez Góes (PDT), com grande demanda de voos entre o estado e a Guiana Francesa, o objetivo é conseguir ter voos internacionais em Macapá. No letreiro externo, o aeroporto já leva o nome Aeroporto Internacional Alberto Alcolumbre.
“O Amapá está entre os estados do Brasil, talvez o único, que não tem ligação via terrestre. Transporte fluvial e transporte aéreo são uma condição social para nós”, diz o governador.
O nome do atual aeroporto e do novo é uma homenagem ao tio do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre, proposta pelo sobrinho em um projeto de lei de 2003, na Câmara dos Deputados.
O governo do estado ofereceu redução de ICMS entre 25 e 3% para empresas interessadas em atuar no novo aeroporto. A taxa será negociada individualmente com cada uma, analisando as contrapartidas que elas colocam na mesa, segundo Góes.
O ministro da Infraestrutura confirmou que ele já tem previsão de ser privatizado na sétima rodada de leilões para aeroportos. A previsão é que ela ocorra entre 2021 e 2022.
Com as novas instalações, que custaram R$ 166,4 milhões, o aeroporto terá capacidade para receber 5 milhões de passageiros por ano. Em 2018, 545.800 passageiros voaram por Macapá. O número teve queda nos últimos anos: o maior fluxo registrado foi em 2014, com 748.480 pessoas.
No sábado (13), os voos começam a funcionar no novo aeroporto e a parte antiga será desativada. O primeiro voo a pousar está marcado para às 14h40, vindo de Belém. A primeira saída também terá como destino a capital paraense, às 15h10.