Crise política e renúncias de ministras afetam popularidade de Trudeau
Uma nova pesquisa mostra que a popularidade do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, foi abalada pelas acusações de corrupção que levou à renúncia de duas ministras nas últimas semanas.
Segundo a pesquisa Ipsos feita para a Global News, caso as eleições fossem amanhã, Trudeau receberia apenas 31% dos votos —queda de três pontos na comparação com a pesquisa anterior— enquanto o líder do partido Conservador, Andrew Scheer, teria 40%.
O levantamento mostra que 64% dos canadenses estão acompanhando o desenrolar do caso em que Trudeau teria pressionado uma ministra a não denunciar uma empresa investigada por corrupção, e 55% dizem que o escândalo vai influenciar seu voto na eleição de outubro.
Na segunda (4), a ministra do Tesouro, Jane Philpott, renunciou e disse que já não confiava no governo do premiê.
Jane é próxima de Jody Wilson-Raybould, a ex-ministra da Justiça responsável por desencadear a crise no governo de Trudeau ao acusar funcionários do alto escalão de tentarem evitar o julgamento por fraude da gigante da engenharia SNC-Lavalin.
Na semana passada, a oposição pediu a renúncia do primeiro-ministro e o lançamento de uma investigação federal sobre as denúncias de Jody.
Em depoimento em fevereiro na Câmara dos Comuns, Jody afirmou que Trudeau, um de seus ministros e conselheiros próximos ao premiê a pressionaram de forma "inapropriada", que incluiu "ameaças veladas", para que interviesse em um processo penal, e que a perseguiram para que o caso fosse resolvido fora dos tribunais.
O premiê e seus assessores foram acusados de pressionar Jody na época porque, caso a empresa fosse condenada, poderia custar milhares de empregos no Canadá e diminuir as chances políticas de seu Partido Liberal.
Ela não arquivou o inquérito. Em janeiro, foi transferida para um cargo inferior no gabinete, o que na opinião de muitos foi uma punição. Depois, pediu demissão.
A SNC-Lavalin foi acusada em 2015 de corrupção por suspeita de ter subornado funcionários na Líbia entre 2001 e 2011 para garantir contratos governamentais durante a ditadura de Muamar Kadafi, morto em 2011.
A empresa teria pago 47,7 milhões de dólares canadenses (R$ 135,5 milhões) em propinas a autoridades da Líbia para ganhar contratos no país.
A ministra do Tesouro, Jane Philpott, era uma das mais respeitadas integrantes do governo, e sua saída é um golpe duro. Em comunicados enviados à imprensa, todos os outros 33 integrantes do gabinete afirmaram que apoiam Trudeau.
O premiê, que assumiu em 2015 prometendo fazer mais pelas mulheres, perde agora duas ministras e sua principal secretária pessoal em menos de um mês.