Cristina Kirchner comparece a tribunal para responder por 8 acusações de corrupção

A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner (2007-2015) se apresentou na manhã desta segunda-feira (25) nos tribunais federais de Comodoro Py, em Buenos Aires, para uma audiência sobre as oito acusações de corrupção vinculadas ao escândalo conhecido como “os cadernos de corrupção”. 

A investigação da Justiça se baseia nas anotações em cadernos escolares, feitas pelo motorista Oscar Centeno, ex-funcionário do ministério de Planejamento durante o kirchnerismo (2003-2015).

Neles, Centeno anotou o que diz ser uma lista de todas as entregas de malas ou pacotes com dinheiro relacionados a subornos de empresários a políticos e que estariam vinculados a propinas para obter concessões de obras públicas ou outros favores.

Esta é a primeira investigação grande que se faz na Argentina usando a figura do “arrependido”, parecida à delação premiada utilizada na Lava Jato, no Brasil. Vários empresários fizeram acordos de redução de pena e estão denunciando políticos e outros funcionários da administração kirchnerista.

Entre as oito acusações pelas quais responde Cristina estão a de receber suborno para construção de obras de ferrovias, estradas, infraestrutura de transporte de gás e outras. 

Em sua defesa, Cristina apresentou uma carta dizendo ser vítima de perseguição política. Em um trecho, diz que acusa-la de tantos delitos de uma só vez, baseando-se somente nas anotações do motorista é “um fato inédito e sem jurisprudência em tempos de Estado de Direito”.

A ex-presidente, ainda, questionou a legitimidade dos cadernos, lembrando que a prova material é uma fotocópia —uma vez que os cadernos originais teriam sido destruídos— e que não têm valor legal.

No documento, ainda, acusa também o juiz que leva adiante a causa, Claudio Bonadio, de pedir buscas em suas casa, escritório e hotéis de propriedade da família sem respeitar o foro privilegiado que mantém como senadora.

Cristina voltará ao tribunal, desta vez para sentar-se no banco dos réus, em maio, por conta das acusações de lavagem de dinheiro por meio de seus hotéis na Patagônia e por enriquecimento ilícito.

A ex-presidente pretende dilatar esses processos para que, em junho, possa se apresentar como candidata à Presidência, nas eleições de outubro deste ano.

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