Dira Paes diz ser uma 'mãezona', mas fala em tabus da maternidade: 'Nem tudo são flores'
Rio de Janeiro
No ar atualmente como a mãezona Janaína, em “Verão 90”, a atriz Dira Paes, 49, faz questão de manter domínio também de tudo o que acontece com os filhos da vida real, Inácio, 11, e Martim, 3, apesar da rotina corrida que tem levado. Os meninos são frutos do casamento dela com o diretor de fotografia Pablo Baião.
“Sei o que eles comeram, os horários… Vou fazendo uma checagem de longe. Tento sempre dar o melhor de mim também em casa, fazendo comida e vivendo o cotidiano normal”, disse a atriz à Folha, durante um intervalo de gravação da atual novela das 19h da Globo.
Apesar de se considerar “mãezona”, Paes afirma que “nem tudo são flores” quando se trata de maternidade. Ela cita a dificuldade da amamentação como exemplo de adversidade que, muitas vezes, torna-se tabu entre as próprias mães.
“Amamentação é tão fundamental na criação de uma criança que a gente não fala da dificuldade que é você fazer a pega do peito, o ressecamento do bico que muitas vezes acontece… E é um momento que a mulher vai com muita expectativa porque é o grande encontro entre mãe e filho, mas na verdade é mais um momento de você fazer um órgão do seu corpo funcionar”, diz, ressaltando que cada gravidez tem a sua história.
“As pessoas ficam com medo de como vai ficar o corpo, mas todas essas questões são secundárias à saúde. Só é preciso realmente se preocupar com isso se a grávida estiver com as taxas alteradas, porque a saúde na gravidez está na felicidade, no prazer. É o momento que você pode se atracar com um bolo de chocolate sem culpa. É o momento que você pode se deixar levar.”
MÃE DA FICÇÃO
Também mãe de dois filhos em “Verão 90”, a personagem de Paes sofre um drama com a relação deles. O mais velho, Jerônimo (Jesuíta Barbosa) é ambicioso, inconsequente e trapaceiro. João (Rafael Vitti), o mais novo, e bom caráter e de bem com a vida. Por causa das personalidades distintas, eles acabam criando inimizade.
“Janaína tentou tirar o filho do coração, mas isso é impossível. De certa maneira, acho que ela se sente na obrigação de tentar reverter [a situação do filho]. A grande trama da Janaína é ter que encarar a vida com dois filhos tão diferentes, tendo dado a mesma criação e o mesmo amor para ambos. Ela tem o coração totalmente dilacerado e dividido entre o filho dos sonhos e o filho do pesadelo, digamos assim.”
Por ter dois filhos homens, Paes diz que reflete muito sobre a dor que sente uma mãe que vive a situação de sua personagem. A atriz afirma que toda vez que vê Martim e Inácio discutindo, procura dialogar com eles. “Conheço algumas mães que vivem essa situação e é uma coisa que adoece a família inteira”.
“Tento de certa maneira arrefecer isso, ponderar com o Inácio, que é mais velho, sobre a importância da família e da união. A importância de saber reconhecer quando você está feliz ou não, e o motivo disso. É importante estimularmos os filhos a verbalizarem seus sentimentos. Tento sempre entender o que se passa na cabeça deles.”
Assim como acontece com Janaína, Dira Paes acredita que as mulheres são o alicerce a família. E, por isso, afirma que o Dia das Mães, celebrado neste domingo (12), tem um significado importante, apesar de não ligar muito para datas comemorativas. Para ela, a data deve servir para que os filhos reafirmem o amor que sentem por suas mães.
“Na última campanha de Natal que fiz para o Complexo do Alemão, cerca de 600 crianças foram receber presentes. Praticamente todas estavam acompanhadas por avós ou mães. Meu marido fez uma foto na fila e isso ficou evidente. Eram maciçamente mulheres dando as mãos para as crianças. Isso me impressionou. E esse é o retrato da família brasileira.”