Diretora demitida de agência diz ter sofrido pressão para manter 'contratos espúrios'

Um dia depois de ser demitida, a ex-diretora de Negócios da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) Letícia Catelani publicou em uma rede social uma mensagem em que afirma ter sofrido pressão "de dentro do governo pela manutenção de contratos espúrios" na entidade.

"Combati incansavelmente a corrupção e fechei as torneiras que a alimentavam. Estou pagando o preço. Sofri pressão de dentro do governo pela manutenção de contratos espúrios, além de ameaças e difamações. Não me intimidei! Gratidão pelo apoio e o movimento", escreveu Catelani, apontada como pivô de uma crise que desde o início do governo Jair Bolsonaro causou o afastamento de dois presidentes da Apex.

 

A Folha entrou em contato com a ex-diretora, mas ela disse que não daria entrevista no momento.

Catelani, assim como o ex-diretor de Gestão Corporativa, Marcio Coimbra, foram indicados para as diretorias da agência pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Ambas nomeações tiveram a bênção de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara e filho do presidente da República.
 
Desde o início do novo governo, a Apex virou um dos principais palcos da briga entre as chamadas alas ideológica e militar do governo.
 
A disputa praticamente paralisou os trabalhos da agência, que atua na promoção de produtos brasileiros no exterior.

Para estancar a crise, o presidente Bolsonaro nomeou no final da semana passada o contra-almirante Sergio Ricardo Segovia Barbosa para a presidência da Apex. A designação foi publicada no Diário Oficial da União da última sexta-feira (3).

Como seu primeiro ato, o militar destituiu Catelani e Coimbra dos seus postos. 

Segovia é o terceiro presidente da agência em pouco mais de quatro meses. Antes dele, passaram pela presidência e perderam o cargo Alecxandro Carreiro e o embaixador Mario Vilalva.

Carreiro teria se desentendido com Catelani e foi demitido menos de dez dias após assumir o cargo. Já Vilalva teve seus poderes esvaziados em uma manobra estatutária promovida pelo chanceler, que transferiu várias atribuições da presidência da agência para os dois diretores.

Em entrevista à Folha, o embaixador disse que Coimbra e Catelani eram pessoas "despreparadas e irresponsáveis" e acusou Ernesto Araújo de falta de lealdade, declarações que levaram à sua demissão em 9 de abril. 

Desde a saída de Vilalva, o núcleo militar do governo intensificou a pressão sobre Bolsonaro para que os dois diretores deixassem a Apex.

Questionada, a assessoria de imprensa da Apex disse que não se manifestaria sobre o teor das declarações de Catelani. 

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