Doria e França retomam ataques em último debate antes do 2º turno
A três dias das eleições do segundo turno, os candidatos ao governo de São Paulo, João Doria (PSDB) e Márcio França (PSB), tentaram o quanto puderam fugir dos confrontos, mas retomaram os ataques mútuos no último debate televisivo da eleição, promovido pela Globo na noite desta quinta-feira (25).
Após dois primeiros debates agressivos, na semana passada, os candidatos abaixaram o tom no encontro promovido por Folha, UOL e SBT na última terça-feira (23).
O embate aconteceu horas depois da divulgação de pesquisa Datafolha que indicou que a disputa entre os candidatos será apertada nas urnas —Doria registrou 52% e França, que oscilou positivamente, marcou 48%.
Nesse cenário, ninguém começou querendo se arriscar ser. França começou tentando fustigar Doria, mas o ex-prefeito, no começo, não caiu na provocação.
O pessebista o questionou o tucano sobre a rejeição na capital, Doria não respondeu e disse que discutiria propostas.
Disse que o adversário reduziu o programa de distribuição de leite a crianças pela prefeitura, o ex-prefeito lembrou que a medida era do governo Alckmin.
França também bateu bumbo por ter inaugurado estações de metrô desde que assumiu, em abril, e Doria rebateu —fugindo do confronto— que eram obras de Alckmin, de quem o atual governador foi vice.
“Você está inaugurando linhas [de metrô] da gestão Geraldo Alckmin, importante apenas deixar claro. Não é para polemizar, apenas para registrar”. França rebateu: “Não tive nenhum problema com Alckmin, não. Tenho sido muito leal com ele. Não foi comigo que ele brigou”.
A temperatura subiu no terceiro bloco do debate, quando começaram os ataques mútuos.
Doria pediu que o debate se ativesse a propostas, mas acabou acendendo a primeira faísca ao falar de propostas para o agronegócio e citar que França recebeu do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) que, num governo do tucano, “serão tratados como bandidos”.
“Consta na página da internet do PSB que uma reforma agrária terá características socialistas. Não quero isso para São Paulo, quero a livre iniciativa”, disse Doria.
“Não porque toda hora você fala do meu partido. Meu partido te ajudou. O presidente da Fiesp [Fedeação das Indústrias do Estado de São Paulo] me apoia, o Major Olímpio me apoia. Nem sei quem é o MST”, respondeu o pessebista.
Doria voltou a buscar associar o adversário às esquerdas, dizendo que França adota histórica esquerdista e que tem apoio do PSOL, do PT e do MST. “Saí da Prefeitura para defender São Paulo de você, dos esquerdistas”, disse. “Assume que você é da esquerda .”
E França voltou a tentar colar a rejeição na capital ao tucano, dizendo que ele não tem experiência com gestão pública e não conseguiu cumprir suas promessas na prefeitura. Também acusou Doria de ter sido beneficiado com dinheiro público em suas empresas; “Você não sabe administrar, coisas públicas”, afirmou.
Doria se referiu indiretamente, pela primeira vez, ao vídeo em que supostamente aparece em uma cena de sexo.
Nas considerações finais, repudiou as fake news que disse ser vítima. Em ataque a França, ele disse que o adversário tem aliados com “ficha corrida”, que inventam notícias falsas. Cita o vereador Camilo Cristófaro (PSB) que para o tucano “tem uma ficha corrida criminal de quatro metros”. Cristófaro já negou ter produzido as imagens.
No último embate em sua sucessão, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi mais citado pelos candidatos do que em todos os outros debates na campanha.
‘Doria reclamou ao ex-governador tucano a paternidade de programas que Márcio França propagandeou em suas falas. “Estou até contente de ver você falando mais vezes do Alckmin”, disse o pessebista.