Em dia de protestos tímidos, Guaidó pede que venezuelanos continuem saindo às ruas
Em um dia de protestos tímidos na Venezuela, o autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, pediu neste sábado (11) a seus apoiadores que não deixem de sair às ruas por medo do regime de Nicolás Maduro.
Na praça Alfredo Sadel, no leste de Caracas, de maioria anti-chavista, Guaidó discursou para cerca de 2.000 apoiadores, um público reduzido em comparação com as marchas das últimas semanas que reuniram milhares de pessoas.
"Chegamos a um momento histórico: ou somos presas do medo, da desesperança, da inação, ou nos mantemos unidos nas ruas", disse o líder opositor.
Neste sábado, protestos dispersos aconteceram em outras cidades do país, segundo a imprensa local.
O pronunciamento ocorre onze dias após o fracassado movimento para depor Maduro que desencadeou uma onda de repressão do regime. Na quarta-feira (8), o número dois Assembleia Nacional, Edgar Zambrano, foi preso por agentes do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência).
Ao menos três deputados opositores buscaram refúgio em embaixadas em Caracas: Americo de Grazia e Mariela Magallanes, na da Itália, e Richard Blanco, na da Argentina.
"O chamado é para ir às ruas. Todos temos medo da repressão, mas não podemos ficar em casa", diz Melquíades Rosales, um comerciante de 42 que carregava uma bandeira venezuelana com a palavra "luto".
Reconhecimento da Itália
O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, enviou uma carta ao autoproclamado presidente da Venezuela, o opositor Juan Guaidó, na qual reconhece sua legitimidade perante ao governo de Nicolás Maduro.
"Nós reconhecemos a Assembleia Nacional e seu presidente Guaidó como legítimos. O presidente Maduro não tem legitimidade democrática. A Itália sempre trabalha pela opção política", escreveu Conte no documento publicado pelo jornal italiano La Stampa.
Desde que a crise venezuelana começou a ganhar grandes proporções, o governo da Itália preferiu não tomar posição oficialmente.
No entanto, o Movimento 5 Estrelas chegou a expressar profunda preocupação com a tentativa de depor Nicolás Maduro e pelos riscos de ela desencadear uma violenta crise política que deveria ser resolvida com o diálogo e a convocação de novas eleições.
O vice-premiê e ministro do Interior, Matteo Salvini, por sua vez, defendeu a queda do ditador e demonstrou preocupação com a segurança de Guaidó, que já foi reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, incluindo Brasil e Estados Unidos.