Em livro, guitarrista clica Debbie Harry em ascensão e Nova York em decadência

Mesmo no auge do sucesso do grupo Blondie, era mais fácil ver Chris Stein empunhando uma câmera fotográfica do que uma guitarra.

Além de fundador e principal compositor da banda ao lado da cantora Debbie Harry, Stein, 68, é um fotógrafo reconhecido, com trabalhos já expostos em galerias dos EUA e da Europa, e foi testemunha da cena que antecedeu e moldou o punk na Nova York da segunda metade dos anos 1970.

Ele reúne parte de sua produção no livro “Point of View - Me, New York City, and the Punk Scene” (Rizzoli, 208 págs., R$ 220), publicado neste ano nos EUA e ainda sem previsão de lançamento no Brasil.

O destaque são os retratos de Debbie Harry, 73, com quem Stein foi casado durante cerca de 15 anos e de quem continuou um amigo próximo —uma relação que sobreviveu à separação do casal e à saída da cantora em carreira solo.

Ela aparece no auge de sua potência energética e imagética em fotos que alternam a intimidade dos momentos caseiros e de descanso e registros documentais da cantora em ação e ascensão à frente do Blondie, que se apresenta nesta quinta-feira (15) no Memorial da América Latina, em São Paulo, como parte do Popload Festival —o evento também apresenta a cantora Lorde, os grupos MGMT, Death Cab for Cutie e At the Drive In e os brasileiros Mallu Magalhães, Tim Bernardes e Letrux.

O grupo que a dupla formou em 1974 acabou se tornando uma das atrações mais populares do gênero, também pela embalagem pop em que lograram envolver sucessos como “Hanging on the Telephone”, “Atomic”, “Rapture”, “One Way Or Another” e “Heart of Glass”.

Mas Stein nunca deixou de lado sua faceta documentarista.

“Não é nem melhor nem pior do que ser um músico, mas é diferente, e bastante recompensador”, ele diz, sobre a comparação entre as atividades na música e na fotografia.

A seleção das imagens no livro —que, segundo Stein, foi fácil, graças a seu cuidado com os próprios arquivos— privilegia os anos de formação e início de sucesso do Blondie.

Inseridos em uma cena que florescia sob o empuxo de novos e velhos nomes, os líderes da banda tinham em seu cotidiano a companhia de personagens que se tornariam parte da história do rock e que acabaram também desfilando em frente às lentes de Stein.

A lista é farta: David Bowie, Iggy Pop, Lou Reed, os membros do Ramones, o artista plástico Andy Warhol, o poeta William Burroughs e a performer Lydia Lunch, que aparece ao lado de Debbie na fotografia que ilustra a capa do livro.

Outro destaque são registros da Nova York daquela época, um ambiente então marcado por violência urbana, pobreza e guerras culturais entre as velhas e as novas gerações.

Como que em um instante congelado no tempo, esses momentos aparecem em retratos de pessoas em situação de rua, prédios decadentes, quarteirões arrasados pela pobreza e grafites nas paredes do metrô da cidade.

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