Esporte é ferramenta que reduz tensão entre Coreias
A ONU (Organização das Nações Unidas) interpreta o esporte como um direito humano, além de ferramenta importante para gerar diálogo, reduzir tensões, solucionar crises, e promover a paz, a tolerância e a saúde.
Apesar disso, os grandes eventos esportivos não deixam de ter seus contrapontos, como o de ser utilizado também para propaganda ideológica e política, propiciando ainda cenário incomparável para visibilidade de protestos e atos hostis em geral.
Por conta dessa exposição, uma das principais expectativas que envolvem os Jogos Olímpicos de Tóquio, em meados do ano que vem, é a da participação das Coreias do Norte e do Sul. Estarão unidas como ocorreu na Olimpíada de Inverno de PyeongChang-2018, na Coreia do Sul, quando desfilaram juntas numa atitude de abrandamento de tensões?
Thomas Bach, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), disse naquela oportunidade que o esporte tinha oferecido uma ponte de paz aos dois países e que continuaria fazendo isso. As Coreias permanecem tecnicamente em guerra desde o conflito de 1950-53, encerrado com um armistício, sendo que o Norte tinha o apoio da China e da então União Soviética e o Sul, de aliados como EUA e Reino Unido.
O evento de PyeongChang contribuiu para uma distensão, que também inclui os EUA.
Uma dúvida despontou quando, em fevereiro passado, o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, interromperam abruptamente, em Hanói, no Vietnã, negociações sobre desarmamento nuclear dos norte-coreanos e de outras questões de interesse mundial e dos aliados dos norte-americanos, em especial dos sul-coreanos.
A assessoria da Segurança Nacional da Casa Branca, imediatamente, tratou de amenizar a possível repercussão negativa da suspensão do encontro. Ressaltou que Trump continuava otimista e destacou alerta anterior do próprio Kim Jong-un de que as negociações passariam por muitas paradas antes de um ponto final.
No plano esportivo, por sua vez, nada parece ter mudado. O acordo anunciado pelas partes de equipes conjuntas nos Jogos-2020 continua mantido. Inicialmente, estariam nesse projeto o basquete feminino, a canoagem e o remo, mais o desfile de abertura. Outros esportes seguiam sob avaliação.
Nada foi revelado até agora sobre a abertura de vagas na Olimpíada para essas participações. Nesse contexto, o caminho natural seria a conquista do direito de ir aos Jogos nos torneios classificatórios de cada modalidade.
Como participar dessas disputas, muitas das quais em andamento ou com seus participantes definidos tempos atrás? Talvez a senha de uma possível acomodação de interesses seja o empenho demonstrado pelo COI para o estreitamento nas relações das Coreias.
Independentemente dos desencontros da diplomacia internacional, o movimento cresce a cada dia no mundo dos esportes. Ganhou visibilidade na Olimpíada de Inverno e aumentou depois dela, embora em eventos sem muita relevância. Ano passado, nos Jogos Asiáticos em Jacarta e Palembang, juntas, as Coreias arrebataram medalha de ouro em corrida de barcos de dragão.
O entusiasmo pela questão coreana chegou ao ponto de o presidente da Fifa, Gianni Infantino, incentivar as duas nações a apresentarem uma candidatura conjunta para sede do Mundial feminino de futebol de 2023. Aguarda-se novidade sobre esse desafio para o qual a Austrália, a Colômbia, o Japão e a África do Sul anteciparam desejo de estar na disputa.
Mais impactante ainda foi o anúncio manifestado pelas Coreias da intenção de elaborar uma proposta conjunta para abrigar a Olimpíada e a Paraolimpíada de 2032. Tal projeto seria a realização de um incrível sonho de Jogos de verão do COI e da ONU.