Ex-presidente da CBF, Marin é banido e multado em R$ 3,86 mi pela Fifa
A Câmara Independente do Comitê de Ética da Fifa considerou José Maria Marin, 86 anos, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e ex-membro de vários comitês da Fifa, culpado de suborno em violação ao Código de Ética.
A investigação sobre o José Maria Marin relacionou-se a vários esquemas de propinas, em particular durante o período de 2012 a 2015, em relação ao seu papel na concessão de contratos para empresas para a mídia e direitos de marketing para competições da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), Concacaf (Confederação América do Norte e América Central) e CBF.
Em sua decisão, a Câmara Independente descobriu que Marin havia violado o art. 27 (Suborno) do Código de Ética da FIFA e, como resultado, baniu-o por toda a vida de todas as atividades relacionadas ao futebol (administrativas, esportivas ou qualquer outra) em nível nacional e internacional. Além disso, uma multa no valor de 1 milhão de francos suíços (R$ 3,86 milhões).
A decisão foi notificada a José Maria Marin nesta segunda-feira.
Em agosto do ano passado, a Justiça dos Estados Unidos condenou Marin a 48 meses de prisão e a pagar multa de US$ 1,2 milhão (R$ 4,65 milhões) pelos crimes no Fifagate. Do período da pena, a estimativa é que cumpra somente 28, com descontos por bom comportamento e abatimento por tempo servido.
Em meados de outubro, Marin foi transferido para uma penitenciária de segurança baixa em Allenwood, na Pensilvânia.
No dia 20 de novembro do ano passado, o ex-presidente da CBF foi sentenciado a pagar sozinho US$ 137.532,60 (cerca de R$ 521 mil) e a dividir com outros condenados um total de US$ 2,14 milhões (R$ 8,1 milhões) pelos escândalos de corrupção.
Do valor que pagará sozinho, US$ 19.532,60 (R$ 74 mil) serão devolvidos à Fifa como restituição por salários e benefícios —a entidade queria US$ 97.663 (R$ 369 mil). A Conmebol receberá US$ 118 mil (R$ 447 mil), também por salários e benefícios. A entidade havia pedido US$ 590 mil (R$ 2,2 milhões) na ação.
O total é referente a salários e benefícios (como diárias e passagens) que foram pagos ao cartola de 2012 a 2015, quando ele ocupou cargos na Fifa e na Conmebol. Diferentemente das confederações internacionais, a CBF não se declarou vítima no processo, por isso não receberá nada do cartola.
Desde dezembro de 2017, quando foi condenado por receber propinas e lavar dinheiro no escândalo de corrupção da Fifa, ele estava detido no Metropolitan Detention Center, um presídio do Brooklyn, em Nova York. O local abriga 1.748 presos, segundo dados do centro prisional.
Marin foi preso em maio de 2015 na Suíça e extraditado em novembro do mesmo ano para os Estados Unidos.
Condenado por seis crimes cometidos durante sua gestão na CBF, ele assumiu o cargo em 2012, aos 79 anos, para cumprir o restante do mandato de Ricardo Teixeira, que renunciou.
Ele era o vice mais velho e, por isso, ficou com o posto, seguindo estatuto da confederação. Antes de ser presidente da CBF, foi vereador, deputado estadual e governador de São Paulo.
As acusações no chamado Fifagate englobam ações de suborno, fraudes e de lavagem de dinheiro. Os cartolas teriam recebido pagamentos ilegais, que começaram em 1991 e atingiram duas gerações de dirigentes e executivos, que movimentaram mais de R$ 564 milhões.
Empresários do marketing esportivo como Alejandro Burzaco, da Torneos y Competencias, J. Hawilla, da Traffic, e Hugo Jinkis e Mariano Jinkis, pai e filho donos da Full Play, teriam subornado os cartolas com viagens de jatinho, banquetes em restaurantes badalados e suítes de hotéis cinco estrelas.
O objetivo era obter vantagens na negociação de contrato para terem os direitos de transmissão de partidas da Copa do Mundo.