Ex-presidente da República | Michel Temer afirma ser 'perseguido' e chama sua prisão de 'espetáculo'

O ex-presidente Michel Temer (MDB) virou réu em mais um processo da Lava Jato. Segundo a ação, reformas na casa da filha Maristela foram bancadas com dinheiro de corrupção. Em entrevista exclusiva à Band, ele nega as acusações, se diz vítima de perseguição do Ministério Público e também chama de “espetáculo” a sua prisão, determinada por um juiz federal no caso de supostos desvios em obras da usina nuclear de Angra 3.

f_452239.jpgVeja tambémTemer vira réu pela quarta vez, agora pelo caso da reforma na casa da filha

Além do ex-presidente e sua filha, viraram réus João Batista da Lima Filho, conhecido como Coronel Lima, e a mulher dele Maria Rita Frentzel, proprietários da empresa de arquitetura Argeplan. Eles são acusados de lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa na reforma da casa de Maristela.

Segundo a Procuradoria da República, as obras realizadas entre 2013 e 2014, custaram R$ 1,6 milhão e foram bancadas com dinheiro de corrupção e desvios ocorridos entre 2012 e 2016. Na entrevista, Temer nega as acusações.

“Temporalmente, esses valores teriam ingressado em 2014, mas minha filha fez a primeira parte da reforma em 2011 e concluiu em 2013. Como eu saberia que receberia verba no final do outro ano?”, afirma o político, que se dirigiu duramente aos procuradores.

“Tenham vocês, procuradores, vergonha emocional. Não envolvam a minha filha nisso. Querem fazer isso para me quebrar psicologicamente. Não quebrarão. Eu disse no depoimento: quando a minha filha foi fazer a reforma, eu disse a ela que procurasse a Rita e o Lima porque eles trabalham nisso e podem ajudar. Outra mentira que contam é que a reforma custou custaram R$ 1,6 milhão. De fato houve uma coleta de preços, a minha filha não quis porque era muito, queria algo mais simples. Foi quando eu disse para a Rita: contrata alguém para fazer por um valor menor. Espero que o juiz não receba denúncia contra minha filha, já que fui eu que mandei procurar a Argeplan. Ela não tinha nada com a empresa; se há alguma coisa, é comigo.”

Prisão

É a primeira vez que o ex-presidente fala sobre sua prisão, determinada pelo juiz Marcelo Bretas no último dia 21. Esta semana, as denúncias por supostos desvios em obras da usina nuclear de Angra 3 foram aceitas pela Justiça.

Na conversa, ele contou como foi voltar para casa e ficar com a família depois dos dias em que passou preso. “Vim com muita vergonha no peito. Com muita dor no coração. Confesso que minha mulher tem uma força extraordinária, assim como meus filhos e filhas”. Temer também relatou como foi a busca pela PF em sua residência. “A polícia entrou com toda delicadeza, devo dizer. Revirou tudo e saiu com uma sacolinha. Pensou que encontraria obras de arte, joias, mas saiu só com alguns eletrônicos. Mas foram carinhosos, meu filho de 10 anos não viu nada disso. Quando eu cheguei, ele me abraçou, entendeu tudo.”

O ex-presidente chamou de “espetáculo” a prisão dele. “Sem um processo formado decretou-se a minha detenção. Para que? Para fazer espetáculo. Eu sou do mundo jurídico, me formei e depois entrei na vida pública. Se alguém, delegado, agente da PF viesse a minha casa, escritório e dissesse: doutor Temer, temos aqui um mandado de detenção, peço que nos acompanhe. O que eu ia fazer? Pegar uma metralhadora e ia eliminá-los? Não, iria cumprir o que a ordem jurídica estabelece. Fizeram um espetáculo.”

O emedebista chamou ainda de ficção a denúncia da Lava Jato do Rio de que ele seria o chefe de uma quadrilha que movimentou quase R$ 2 bilhões ilegalmente ao longo de quatro décadas, e citou até uma série da Netflix que ficou conhecida.

“A impressão que eles querem passar é de que o Temer reuniu um grupo tipo [da série] A Casa de Papel para roubar o Brasil. Mas na verdade eu reconstruí o Brasil. Isso é ficção, é coisa de gente que não quer perder.”

Perseguição

Michel temer afirmou também que é vítima de perseguição e acusou o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de atuar em conluio com o empresário Joesley Batista para tentar incriminá-lo.

“Você só pode acusar alguém com um conjunto de provas sólido. Então essa história de querer pegar a minha cabeça para exibir na parede, digo com toda a franqueza, vocês não vão conseguir. No caso da JBS fizeram isso. Aqueles que foram me gravar, depois foram presos. Na época eu os denunciei e não houve outra solução se não pedir a prisão dessas pessoas. E pediram mais: pediram a anulação da delação que está lá há um ano no STF e até hoje não foi colocado em pauta.”

Por fim, o político nega não ser corrupto. “Absolutamente não. basta verificar as minhas contas”, diz. “Você sabe que em um dos inquéritos, o delegado pediu quebra do sigilo das minhas contas. Remexeu tudo. Nenhuma irregularidade. Tenho pequenas e modestas quantias. Resultantes de 58 anos de trabalho, senhores procuradores. Economias de quem trabalhou duro advogando, sendo procurador e dando aula toda a noite na PUC de SP e em Itu. Por isso, digo com naturalidade: Tentam me impor a pecha de corrupto, mas isso é uma coisa que talvez bata em mim e volta pra quem fala.”

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