Se der errado, a culpa é de Bolsonaro, brinca Moro sobre perfil no Twitter
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou nesta quinta (4) que a criação de um perfil pessoal no Twitter para informar ações da pasta foi incentivada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Ao lado do presidente em vídeo ao vivo nas redes sociais, brincou: "se der errado, a culpa é dele [Bolsonaro]".
Segundo Moro, a ideia ao criar o perfil é de se "comunicar de uma maneira mais moderna, nas redes sociais". O ministro afirmou que usará a plataforma principalmente para divulgar políticas públicas, e menos posições pessoais.
O perfil do ministro já tem cerca de 270 mil seguidores. Nele, Moro afirma que irá explicar "o projeto de lei anticrime, além das medidas executivas em andamento do ministério".
Para deixar claro que o perfil era mesmo seu, ele fez duas postagens.
No primeiro, publicou que "há muitas páginas de apoio e até alguns perfis falsos". "Mas este Twitter é meu mesmo, Sergio Moro", acrescentou.
Também publicou uma foto com um calendário em mãos, que gerou memes nas redes sociais.
Ao lado de Bolsonaro, Moro ainda falou sobre operações de combate à pornografia infantil e ao plantio de maconha.
Além de Moro, participou da transmissão ao vivo o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional.
Viagem a Israel, mudança em lei e fuga de polêmicas
Além da divulgação do novo canal de Moro no Twitter, Bolsonaro usou a maior parte da live semanal para falar dos resultados da viagem que fez a Israel, na última semana.
Ele exaltou os acordos comerciais e protocolos de intenções firmados durante a visita, em setores como tecnologia, inovação, psicultura e dessalinização da água.
“Acho que o presidente deixou bem claro a qualidade dessa parceria com Israel. Temos muito o que aprender com eles”, acrescentou o ministro Heleno.
Bolsonaro citou ainda apoio do governo do premiê Binyamin Netanyahu ao ingresso do Brasil na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), uma das ambições externas de Bolsonaro. O presidente dos EUA, Donald Trump, já havia feito o mesmo, sob a contrapartida de o Brasil abrir mão de seu status especial na OMC (Organização Mundial do Comércio).
“São dois países de peso ao nosso lado para sairmos da situação de país em desenvolvimento para país desenvolvido. São apenas 36 países que compõem a OCDE e esperamos ser o 37º”, disse Bolsonaro.
Na cena política, o presidente citou os encontros que teve com parlamentares ao longo desta quarta-feira – nos quais, segundo ele, foram abordadas questões partidárias, governabilidade e a reforma da Previdência.
“Ao contrário do que parte da mídia disse ontem [na terça], não tratamos de cargos. Eles [os parlamentares e líderes políticos] querem colaborar com o Brasil”, disse.
Também retomou uma promessa de campanha na qual afirmou que pretende mexer na Emenda Constitucional 81. Promulgada em 2014, ela altera o artigo 243 da Constituição e prevê que propriedades urbanas e rurais flagradas com trabalho escravo sejam desapropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular. Até então, essa regra valia apenas para propriedades em que fossem encontradas cultivo de "plantas psicotrópicas".
Segundo Bolsonaro, essa mudança na Constituição —que ficou conhecida como PEC do Trabalho Escravo— relativiza a propriedade privada, mas não deu maiores detalhes do que pretende propor em seu lugar.
Na transmissão, o presidente fugiu de assuntos polêmicos que envolveram seu governo nos últimos dias.
Ele não citou nenhuma palavra sobre a crise no Ministério da Educação, na qual militares já pressionam pela demissão do ministro Ricardo Vélz Rodriguez. Também não falou sobre as comemorações do 31 de março de 1964 e da declaração do Brasil junto à ONU de que o ato não foi um golpe militar. E ignorou a polêmica sobre ter dito em Israel que o nazismo foi um movimento de esquerda.