Famílias Batista e Widjaja disputam controle da Eldorado

Os irmãos Joesley e Wesley Batista estão em conflito com a família Widjaja, dona Paper Excellence, pelo controle da fabricante de celulose Eldorado. A disputa pode comprometer a venda do restante da companhia para a Paper Excellence e acabar sendo resolvida nos tribunais de arbitragem.

No dia 2 de setembro do ano passado, ainda sob o impacto da crise de confiança instalada pela delação premiada dos Batista, a J&F, holding que controla os negócios da família, anunciou a venda da Eldorado para a Paper Excellence por R$ 15 bilhões, incluindo a dívida de R$ 7,5 bilhões da empresa.

O negócio, no entanto, seria concluído em etapas. Em um primeiro momento, os Widjaja compraram 13% da companhia, em seguida, adquiriram as participações dos fundos Petros e Funcef, que também eram sócios no negócio. E, alguns meses depois, mais uma fatia da participação dos Batista, chegando a 49% das ações da Eldorado. A  J&F  permaneceu como sócia com 51%.

Pelas regras estabelecidas no contrato, a Paper Excellence teria um ano para levantar o financiamento bancário necessário para adquirir o restante, quitando as dívidas da empresa ou renegociando com os bancos. Os principais credores da Eldorado são o BNDES, com R$ 2,7 bilhões, e o FI-FGTS, com R$ 940 milhões. Na delação, Joesley admitiu ter pago propina a políticos e funcionários públicos para conseguir esses financiamentos.

O prazo está perto de acabar, mas vem gerando controvérsia. A J&F argumenta que a Paper Excellence ainda não pagou as dívidas da Eldorado, o que liberaria as garantias oferecidas pela família Batista aos bancos –no caso, um volume expressivo de ações do frigorífico JBS, o principal negócio do clão. Para os Batista, trata-se de quebra de contrato.

Os Widjaja não concordam e dizem que tem o direito de adquirir o restante da Eldorado mesmo assim. Se o negócio for desfeito, eles ficarão em situação bastante desvantajosa, pois permanecem como minoritários na empresa, sem qualquer voz na gestão da companhia.

O valor estabelecido para a Eldorado de R$ 15 bilhões, que foi considerado excelente na época que o negócio foi fechado, também vendo sendo questionado. Os resultados da empresa melhoraram significativamente por causa da alta do preço da celulose e da desvalorização do real. No segundo trimestre deste ano, a Eldorado gerou um caixa de R$ 789 milhões, 66% acima do mesmo período do ano anterior.

Procurada, a J&F não comentou o assunto. Os representantes da Paper Excellence no Brasil não foram localizados pela reportagem. O banco BTG, contratado pela família Widjaja para representá-la na negociação, também não comentou.

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