Felipe e Luccas Neto criam quadro inclusivo com crianças com síndrome de Down
Rio de Janeiro
O canal Irmãos Neto, dos youtubers Felipe e Luccas Neto, desenvolve um projeto para ter um quadro com crianças com síndrome de Down. O diretor-geral do canal, Gabriel Araujo, afirma que se trata de um projeto inédito no Brasil e que já está em desenvolvendo, porém, ainda buscam financiamento. O alvará para filmar com cada uma delas, por exemplo, custa em torno de R$ 2.800.
"Foi uma idealização minha com o JP [João Pedro Paes Leme, sócio e CEO da Take4, proprietária do canal]. Pegamos a referência do filme "Colegas" [2012, com direção de Marcelo Galvão], protagonizado por três adultos com Down. Queremos mostrar que é muito mais do que a gente vê. Essas crianças podem ser completamente incluídas na nossa sociedade", afirmou Araujo.
Felipe Neto afirmou que aprendeu a fazer humor sem usar palavrões, polêmicas e piadas de conotação pesada e que o novo canal visa a inclusão e a passar mensagem de união, aceitação e amor. "Nossa grande questão é a inclusão. O diferente não é diferente no sentido pejorativo", afirma o youtuber, que no 31 de outubro estreia no canal a série de animação Animanetos, um quadro especial no Halloween.
O canal Irmãos Neto está há um ano e dois meses no YouTube e tem quase 11 milhões de inscritos. Felipe Neto afirma que um dos grandes feitos do canal foi ter conquistado o respeito dos pais do público infantojuvenil. "O conteúdo foi adaptado tanto para crianças e adolescentes quanto para os pais. É um desafio muito grande agradar o jovem e o adulto. O adulto geralmente tem rejeição pelo que o jovem gosta. Aqui, temos muitos adultos que são mais fãs que os próprios filhos [risos]."
Para a psicoterapeuta e psicóloga clínica Valéria Cavallari, o conteúdo digital saudável para uma criança ainda é relativo, porque depende muito da formação que cada família dá para seu filho. "Conteúdo bom é aquele que desenvolve o público em alguma área da vida. Conteúdo de fofoca, disputa e tiração de sarro, não é muito legal para a criança."
Já a psicóloga clínica e hospitalar Alice Maria da Silva Pereira afirma que questiona pesquisadores que estipulam o período diário saudável para que crianças fiquem expostas a conteúdos da internet. "Alguns pesquisadores começaram a veicular que o ideal é uma hora por dia. Mas, vamos pensar apenas quantitativamente? E a qualidade disso? A criança ou adolescente pode ficar uma hora na frente do computador e aquilo trazer um estrago gigantesco, e pode ficar três horas vendo um conteúdo educativo."
Alinhado com o que sugerem as especialistas, Gabriel Araujo afirma que os roteiros do canal Irmãos Neto são criados levando em consideração a idade do público. "Temos preocupação não somente em relação a palavrões, mas em ter uma linguagem realmente educativa, que mostra respeito pelo próximo. Sempre buscamos passar algum tipo de mensagem sobre amizade, companheirismo e que não necessariamente é importante ganhar uma disputa. Já nos preocupamos com isso no próprio roteiro."
Ele afirma que o quadro Laboratório Maluco, por exemplo, em que o Professor Jaleco e seu assistente trapalhão (Bruno Correa) realizam experimentos, conta com o apoio de químicos que realizam todos os testes com segurança e preocupação educacional.
Felipe afirma que gosta de trabalhar com públicos de idades variadas, pois isso permite que ele crie diferentes personagens. Enquanto em seu canal pessoal ele utiliza uma linguagem mais ácida, no Irmãos Neto é diferente. "No canal Irmãos Neto visto uma roupa ainda mais jovem, sou mais brincalhão, mais palhaço e expansivo em movimentos. Gosto de fazer conteúdos diferentes para diferentes idades."
Além do Irmãos Neto, Luccas e Felipe têm seus canais próprios no YouTube. "Felipe é mais voltado para adolescentes, já Luccas para crianças de 2 a 7 anos. Já o canal Irmãos Neto fica no meio dos dois: de 8 a 14 mais ou menos”, explica Gabriel.
Felipe Neto diz ainda que vai continuar a "fortalecer mensagens de não preconceito, de abraçarmos o diferente, de amarmos todo mundo, homossexuais, heterossexuais, transexuais, o negros. Todo mundo tem que se amar da mesma forma."