FMI reduz de 1,8% para 1,4% projeção de crescimento do Brasil em 2018
As projeções para o crescimento brasileiro neste ano continuam sendo rebaixadas pelos principais organismos internacionais. Desta vez, o pessimismo vem do FMI (Fundo Monetário Internacional), que diminuiu para 1,4% a expectativa para o PIB (Produto Interno Bruto) do país em 2018.
As projeções estão no Panorama Econômico Mundial de outubro, divulgado na noite desta segunda-feira (8). Em julho, a previsão era de uma expansão de 1,8%. Em abril, de 2,3%. A piora também foi estendida para 2019, ano em que a projeção diminuiu levemente: passou de 2,5% para 2,4%.
A piora da perspectiva tem relação com a interrupção provocada pela paralisação dos caminhoneiros, em maio, e por condições financeiras mais difíceis no exterior, “que são uma fonte de risco ao panorama”.
Segundo o FMI, a alta do PIB brasileiro será guiada por uma recuperação da demanda privada conforme o hiato do PIB —diferença entre o PIB real e o PIB potencial, que permite saber se a economia está crescendo ou não acima de seu potencial— for diminuindo gradativamente, até fechar.
O crescimento brasileiro está levemente acima do que o Fundo projeta para a região da América Latina e Caribe, que é de 1,2% neste ano e de 2,2% no próximo.
O FMI espera que a política monetária adotada pelo Banco Central se mantenha acomodativa, ou seja, que o BC não enxugue dinheiro da economia, em um contexto de desemprego ainda elevado e inflação gradualmente subindo em direção ao centro da meta.
A consolidação fiscal deve ser uma prioridade para o país, com a aprovação de uma reforma da Previdência que possibilite a sustentabilidade das contas do país. O Fundo diz ainda que o quadro fiscal precisa ser fortalecido, aumentando a flexibilidade do orçamento.
Segundo o FMI, os avanços recentes na facilitação do comércio, a reforma trabalhista e as mudanças nos subsídios nos mercados de crédito são bem-vindas.
Apesar disso, o Fundo lembra que mais reformas são necessárias para impulsionar a produtividade, incluindo uma melhora da intermediação financeira, investimentos em infraestrutura e a adoção efetiva de medidas contra lavagem de dinheiro e anticorrupção.
O Fundo não foi o único organismo multilateral a rebaixar a previsão para a expansão brasileira neste ano.
Na última sexta (5), o Banco Mundial cortou para 1,2% a estimativa para o PIB do país, justificando o cenário mais pessimista com as dificuldades de implementar reformas para reduzir o déficit fiscal, incerteza com as eleições e apreensão no exterior.
No final de setembro, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) também reduziu para 1,2% a projeção para o crescimento brasileiro. De novo, dúvidas sobre o resultado das eleições e exterior foram citados, assim como os reflexos da paralisação de caminhoneiros de maio.
No panorama de outubro, o FMI também rebaixou a projeção para o crescimento global. Agora, espera um avanço de 3,7%, ante 3,9% estimados em abril.
Riscos já identificados seis meses atrás, como aumento das barreiras comerciais e reversão do fluxo de capitais para mercados emergentes por fraqueza de fundamentos e aumento do risco político, ficaram mais pronunciados ou se materializaram parcialmente, diz o FMI.
Para os Estados Unidos, a previsão ainda é de expansão: neste ano, o PIB deve crescer 2,9%. Em 2019, porém, a estimativa foi reduzida de 2,7% para 2,5% por causa das medidas comerciais e pela imposição de tarifas sobre US$ 200 bilhões de produtos americanos pela China.
Em 2020, diz o FMI, os efeitos do estímulo fiscal anunciado pelo presidente Donald Trump vão diminuir, enquanto o ciclo de aperto monetário promovido pelo Banco Central americano atingirá seu pico.