Futebol croata sofre com desequilíbrio e distância da elite

A Croácia tem motivos de sobra para se orgulhar de sua seleção, que pela primeira vez chega à final da Copa do Mundo. Contudo, não há muito o que comemorar do futebol praticado no país. A menos que você seja torcedor do Dínamo Zagreb.

Desequilibrada, a liga local viu o clube da capital conquistar 12 dos últimos 13 campeonatos. Desde 2006, só em 2016/2017 que o Dínamo não se sagrou campeão --ficou com o vice, atrás do Rijeka.

A primeira divisão da Croácia tem 10 clubes que se enfrentam 4 vezes entre eles, totalizando 36 partidas. É jogada oficialmente desde 1992, quando a federação local foi reconhecida pela Fifa.

Torcedores de outras equipes creditam essa superioridade da equipe de Zagreb às relações políticas que o clube estabeleceu com o poder nos últimos anos.

No último mês de junho, Zdravko Mamic, ex-dirigente do Dínamo, foi declarado culpado após a Justiça croata confirmar seu envolvimento em evasão de impostos nas transferências de atletas enquanto diretor do clube. Entre essas negociações está a venda de Luka Modric para o Tottenham (ING), em 2008.

Mamic, considerado o homem mais influente do futebol no país, era até 2016 o vice-presidente da federação local.

Em meio aos casos de corrupção e ao sucesso da seleção no Mundial da Rússia está o pobre desempenho croata em competições internacionais de clubes.

Esvaziadas de suas grandes estrelas, que jogam em centros mais fortes da Europa, e inseridas em um universo restrito de 829 jogadores profissionais registrados, as equipes do país mal conseguem atingir a fase de grupos da Liga dos Campeões.

O coeficiente europeu da Croácia também não ajuda. Com o 16º lugar no ranking de países, mesmo o campeão nacional não tem vaga garantida nos grupos e precisa disputar fases preliminares.

No ranking da Uefa, o primeiro clube croata é o Dínamo Zagreb, 77º colocado e com 19 participações na Liga dos Campeões. Classificado para a edição deste ano, aguarda seu adversário na segunda eliminatória do torneio.

A última vez que uma equipe da Croácia disputou o mata-mata da Liga dos Campeões foi em 1995, com o Hadjuk Split, que caiu para o Ajax (HOL) nas quartas de final.

O país nunca teve um finalista sequer na Liga Europa ou na antiga Copa da Uefa, o torneio de clubes do segundo escalão europeu.

"Quando vemos as condições e a estrutura em casa, somos um milagre. Em três meses vamos jogar contra a Inglaterra pela Liga das Nações e não temos um estádio e um campo em condições adequadas de receber um jogo como este. Infelizmente este é um grande problema. As coisas têm de mudar em casa. Vamos fazer alguma coisa, este é o momento", disse o técnico Zlatko Dalic, que levou a seleção da Croácia à sua melhor participação na história dos Mundiais.

Há, porém, uma glória internacional recente para o país.

Em 2017, conquistaram um título chamado Taça das Regiões da Uefa, competição bianual de equipes amadoras organizada pela entidade que controla o futebol europeu.

Um selecionado da região de Zagreb ficou com o troféu após bater um time de irlandeses na final.

Mas, desse torneio, quase ninguém ficou sabendo. Ao contrário do que poderá acontecer se a Croácia vencer a França, neste domingo (15), e conquistar sua primeira Copa do Mundo.

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