Grêmio entra em colapso no fim e leva virada do River, que vai à final
Tudo corria bem para o Grêmio até os 24 minutos do segundo tempo. O time vencia o River Plate (ARG) por 1 a 0 e estava muito próximo de chegar à final da Libertadores. Foi neste momento que Renato Gaúcho mexeu na zaga: colocou Bressan no lugar de Paulo Miranda.
A mudança iniciou sequência de eventos que, de forma improvável, fez a equipe argentina virar o placar para 2 a 1, nesta terça (30), em Porto Alegre, e chegar à decisão.
O resultado foi uma das maiores decepções da história do Grêmio, que lutava para ser o primeiro clube desde o Boca Juniors, em 2001, a conquistar o torneio por dois anos consecutivos. No ano passado, os brasileiros haviam sido campeões e perdido para o Real Madrid no Mundial de Clubes.
Renato não disfarçava o sonho de uma nova chance para derrotar os europeus.
Dentro do espírito de “e se”, que povoa o imaginário do futebol em jogos de viradas como o que ocorreu nesta terça, há parcela de culpa de Everton, artilheiro gremista na competição, com cinco gols.
Quando a vantagem era de 1 a 0, graças ao gol do lateral Leonardo, ele teve uma chance escandalosa para fazer o segundo e perdeu.
Ninguém lamentou demais, porque naquele instante era impensável ver o River conseguir dar a volta no resultado.
Assim como havia acontecido em Buenos Aires, quando o Grêmio atuou fechado, esperando pelo contra-ataque e por uma bola, o River Plate parecia impotente para conseguir furar a zaga gremista. Nos dois jogos, Geromel, Kannemann (suspenso para o confronto em Porto Alegre) e Paulo Miranda pareciam insuperáveis.
Deu certo no Monumental, e o Grêmio venceu por 1 a 0. Funcionava na Arena, e o Grêmio ganhava pelo mesmo placar. Antes do primeiro jogo, Renato já dizia que o River Plate tinha time melhor que o do Boca Juniors, que enfrenta o Palmeiras na segunda semifinal, nesta quarta (31).
Houve um momento durante o segundo tempo em que até os 4.000 torcedores do River, que até então cantavam de maneira incansável, pararam. Perceberam que não havia saída.
Ou havia? Borré fez de cabeça aos 36, com a bola desviando em seu braço, mas sem ser notado. Correu na comemoração, com pressa, de volta para a defesa. Bateu palmas, gritou “vamos!”.
Tantas vezes aconteceu no futebol. Aquele jogo em que um time domina de forma confortável, até que algo inesperado ocorre e muda a dinâmica do que acontece diante de milhares de pessoas.
O gol de Borré foi o primeiro instante da semifinal em que a zaga do Grêmio falhou.
A chuva caía em Porto Alegre, e o River começou a fazer o que era possível. Levantar bola na área, usar a velocidade de Scocco. O Grêmio queria apenas administrar o tempo.
Era uma vaga que seria conquistada apesar do futebol sem grande técnica dos brasileiros. Mais eficiência e entrega tática do que qualquer outra coisa. Os gaúchos podem dizer que atuaram as semifinais sem Luan, seu principal atacante, e com Everton por apenas uma parte do segundo tempo do jogo no Brasil.
Havia sempre o risco, e Bressan o tornou maior ao esticar o braço, mesmo que de forma involuntária, para desviar o arremate de Scocco na área. O árbitro Andrés Cunha usou o VAR (árbitro assistente de vídeo) para dar a Pity Martínez a chance de levar o River Plate para a final.
“Muñeco! Muñeco!”, explodiu a torcida argentina após o apito final, em idolatria ao técnico Marcelo Gallardo, que desafiou a suspensão da Conmebol para se comunicar via rádio com o banco e ir ao vestiário no intervalo. Depois do que aconteceu, ninguém no River se importa. O futebol perdoa tudo quando se ganha.