Grupo Especial de São Paulo | 'Vão ter que correr atrás'
Quem chegava hoje perto da quadra da Mancha Verde, na Barra Funda, em São Paulo, via um cenário digno de uma final de futebol: fogos, cerveja, pulos, buzinas e gritos de "É campeã". Mas era outra ocasião: membros da comunidade e da escola celebravam a primeira vitória da história da escola de samba no Carnaval de São Paulo.
A situação só intensificava conforme se entrava cada vez mais. O chão tremia aos sons da poderosa bateria e do coro eufórico do público. A quadra da agremiação que levou ao Anhembi o enredo "Oxalá, Salve a Princesa! A Saga de uma Guerreira Negra", era, nas palavras de Milton Cunha, a glória.
"Agora que a Mancha aprendeu a ganhar Carnaval, tem que correr atrás dela. Ninguém segura", diz Bruna Fonseca, 24, que desfilou em seu segundo ano na Mancha, como apoio de Duda, filha de Paulo Serdran e rainha mirim da bateria. "É maravilhoso [ganhar]. Ainda mais no último quesito, com emoção", brinca ela.
Miriam Macedo, segunda porta-bandeira da escola, desfilando por ela há cinco anos, diz que o campeonato veio como um alívio. "Nós estamos colhendo tudo que a gente plantou. É uma responsabilidade diferente esse ano. A gente queria demais esse troféu, trabalhamos para ele, e hoje ele está na nossa mão. É só gratidão", vibra.
De fato, o troféu da campeãa veio, e foi abraçado e paparicado pelos presentes na quadra, como uma espécie de altar. Os jovens mestre-sala e porta-bandeira Arthur, 15, e Beatriz, 12, também eram só alegria com a conquista da escola. "É uma escola que eu amo desde criança. Eu amei o enredo", diz Beatriz.
O diretor de harmonia da escola, Raul Brandt, coroou seu nono Carnaval com quatro notas 10 no quesito. "Obviamente não é só a gente, temos uma diretoria de ala por trás e os componentes. É muito gratificante. Há muito tem que a escola vem trabalhando para conseguir o que conseguimos hoje. Às vezes cometemos algum erro, às vezes erros de jurados foram cometidos, mas continuamos trabalhando. Tá aqui o resultado", diz ele.
Reluzente, o presidente da escola, Paulo Serdran, fez um discurso agradecendo a todos os presentes e comemorando o campeonato um ano depois de a Mancha "bater na trave", nas palavras dele.
E o amor se espalhou por todos os cantos da quadra, lotada. Tanto, que o carnavalesco Jorge Freitas, estreante na escola, garante: "Ano que vem estou na Mancha".