Guedes volta a defender que Previdência terá maioria no Congresso
No mesmo dia em que a pesquisa Datafolha, divulgada nesta quarta-feira (10), mostrou que 51% dos brasileiros são contrários à reforma da Previdência, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a proposta do governo terá apoio e maioria no Congresso.
Em evento com investidores em Nova York, ele afirmou que está sendo reconhecido e cumprimentado nas ruas como se fosse um jogador de futebol. “Eu entrei num avião e quase não conseguia ocupar meu assento, as pessoas me pediam selfie".
Para Guedes, essas demonstrações são um sinal de apoio da população. “A opinião pública está amplamente favorável às mudanças”, afirmou, em resposta a uma pergunta sobre se haveria um plano B, caso as reformas que o governo propõe não passem no Congresso.
O ministro disse contar com o apoio de um Congresso renovado nas últimas eleições. “Eles [políticos] entendem que o sistema deles colapsou e precisam mudar".
Guedes falou por cerca de 50 minutos sobre suas propostas econômicas durante um almoço, parte da conferência XP Investments Conference Brazil: First 100 Days, em Nova York.
O evento traça um panorama dos primeiros cem dias do governo Jair Bolsonaro e convidou, além de membros da equipe econômica, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), para conversar com investidores.
Nesta quarta (10), Guedes defendeu seu pacote de privatizações, redução de impostos, descentralização da administração pública e desburocratização.
Foi recebido com entusiasmo pelos participantes — e deixou o hotel que recebe o evento sem conversar com jornalistas, argumentando que estava atrasado.
O ministro começou traçando um panorama das gestões econômicas no país desde o final da ditadura militar.
“A democracia está viva no Brasil. Tivemos 30 anos de social-democracia, agora temos liberais e conservadores [no poder]. Isso é natural. Pode ser transitório, mas é natural.”
Com críticas à mídia que, segundo ele, “se apaixonou pelo establishment” e “não entendeu que o fenômeno [que levou à eleição de Bolsonaro] tinha raízes mais profundas”, Guedes defendeu o governo como parte de uma mudança na forma de administrar o Brasil. Há, afirmou, uma mudança em curso na forma de se acessar o sistema político e a economia.
Sobre a Previdência, o ministro apontou que a economia que a proposta do governo irá gerar será de R$ 1 trilhão em dez anos, apesar de projeções de bancos e agências de risco já trabalharem com uma estimativa inferior. E que a aprovação de um projeto que gere essa economia abriria negociações para um sistema de capitalização.
O titular da Economia também afirmou que prevê uma proposta de reforma tributária para os próximos meses, com a fusão de impostos como o PIS, Cofins e a Contribuição sobre Lucro Líquido em um único tributo. “São nomes malucos para a mesma coisa”, definiu.
Outra medida que está nos planos imediatos, segundo o ministro, é o “revogaço”, que deve suspender todas as normas econômicas estabelecidas por decretos presidenciais: “Ou nos explicam por que o decreto [com a regulação] é útil, ou será cancelado”.
Paulo Guedes também afirmou que o governo está disposto a discutir parcerias comerciais com os países e disse, sem detalhar, que o governo já arrecadou "sem fazer barulho" R$ 12 bilhões neste ano com venda de ativos.
Num discurso em que repetidas vezes disse estar otimista, o ministro também afirmou que não tem pressa para ser reconhecido por seu trabalho. “Não estamos com pressa. Estamos com pressa para fazer as mudanças, mas não para o reconhecimento.”