Herói croata enfrentará na final país que foi salvação para negócio

Principal nome da Croácia na vitória sobre a Inglaterra por 2 a 1 na semifinal da Copa do Mundo ao anotar um gol e dar assistência para outro de Mandzukic, Ivan Perisic, 29, tem uma antiga relação com a França adversária na final de domingo.

Foi o país onde teve a parte de sua carreira final como juvenil, entre 2006 e 2007, e onde fez sua estreia como profissional jogando pelo Sochaux B.

Sua ida para a França com apenas 17 anos e a futura assinatura de contrato serviu também para salvar um negócio familiar que não ia bem: a granja de seu pai na cidade croata de Omis.

 

Mas sua saída do Hajduk Split, clube onde começou mas tinha poucas chances, não foi da forma mais amistosa.

Sem avisar a agremiação croata, tomou um jato privado enviado pelo Sochaux e foi para a França. Lá acertou com o clube francês. Junto com ele foram a sua mãe e irmã.

Após uma disputa, o Sochaux aceitou pagar 360 mil euros (R$ 1,62 milhões na cotação atual) para ter Perisic.

Quase uma década depois do ocorrido em 2006, uma explicação clara foi dada.

O pai de Perisic, Ante Perisic, havia forçado a barra para o filho ir embora. Estava em dificuldades financeiras e com a granja quase quebrada. O dinheiro salvou o negócio familiar.

"Era o melhor para a família naquela época. Queria que se distanciassem de mim e e do meu sofrimento", afirmou Ante em entrevista ao jornal croata Slobodna Dalmacija.

Na entrevista após a vitória sobre os ingleses, Perisic foi questionado sobre a história pela Folha e contou que nem ele entendeu quando era jovem o porquê de ter deixado seu país-natal.

"Esta é uma pergunta difícil. Eu não sabia porque estava indo para a França e só anos depois soube que foi por causa de problemas familiares. Mas acho que isso não é relevante agora", afirmou.

Apesar de a França ter sido o alívio financeiro, Perisic não brilhou lá. Só jogando no time B entre 2007 e 2009, acabou emprestado para o Roselare, da Bélgica.

Ainda assim, guarda boas lembranças do período e se diz feliz por ter os franceses pela frente na decisão.

"Dos dois anos que passei na França só guardo boas memórias. Treinei com o time principal, aprendi francês. Isso faz parte da minha vida. Outro dia estava falando com minha mãe e ela disse que sonhava com isso. Uma final entre Croácia e França", contou.

Depois da experiência no Roselare, seguiu para o Brugge e foi artilheiro do Campeonato Belga de 2011 com 22 gols e melhor jogador do país.

Neste ano, ganhou sua primeira chance na seleção sob o comando de Slaven Bilic.

A partir daí, a carreira decolou. Foi para o Borussia Dortmund (ALE), na sequência para o Wolfsburg (ALE) e em 2015 acertou contrato com a Inter de Milão (ITA), clube que defende até hoje e pelo qual fez 118 partidas e anotou 29 gols.

Se firmou também sem contestação na seleção croata, pela qual chegou ontem ao seu 20º gol em 71 jogos. Há quatro anos, no Brasil, fez parte da seleção que caiu na primeira fase. Porém, deixou o torneio elogiado após dois gols marcados, em vitória por 4 a 0 sobre Camarões e na derrota por 3 a 1 para o México.

Seu gol na quarta-feira (11) na Rússia foi o segundo. Já havia feito no triunfo de 2 a 1 sobre a Islândia na última rodada da fase de grupos.

"Há 20 anos [quando a Croácia perdeu a semifinal para a França] eu estava em Omis. Torci para a seleção usando uma camiseta. Eu só podia sonhar em jogar e marcar um gol em semifinal de Copa", disse.

Além do futebol, Perisic também pratica vôlei de praia. No ano passado, em seu país, na cidade de Porec, participou de um torneio internacional da FIVB (Federação Internacional de Vôlei). Ao lado do compatriota Niksa Dell'Orco perdeu as duas partidas que fez.

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