Líderes do centrão dizem que reforma não vai tramitar no prazo do governo, mas 'no que é possível'
Meu tempo é quando Líderes de siglas de centro e centro-direita já falam abertamente que não estão dispostos a correr com as discussões da reforma da Previdência para atender o calendário do governo. “Não tem necessidade de votar a proposta de Bolsonaro em dois meses. O que temos que fazer é o possível. Usar o tempo máximo para discutir na comissão, com o máximo de pessoas que quiserem falar. Sem isso, não adianta. Vai chegar no plenário e não vai ter voto”, diz, sem rodeios, o líder do PP, Arthur Lira (AL).
Come cru Lira diz que as estimativas de quando e como a reforma será votada só têm servido “para dar dinheiro aos especuladores da Bolsa”.
Come cru 2 Assim como ele, outros dirigentes de partidos avaliam que, com uma comissão especial formada por apenas 49 deputados, muitas siglas ficaram de fora da discussão, o que amplia o risco de o texto não chegar maduro ao plenário se o governo pautar sua atuação pela pressa.
Cabra cumpridor Integrantes do PR, partido do presidente da comissão especial que discute o tema, o deputado Marcelo Ramos (PR-AM), também pregam “um debate exaustivo” da reforma da Previdência. Ramos foi escolhido com o apoio do PP e é descrito como “um homem de partido”, que acata o desejo da maioria.
Vamos juntos? O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quer discutir com governadores uma minuta com pontos de mudanças nas regras de aposentadoria que teriam o apoio de todos –ou da ampla maioria dos estados– dia 8 de maio.
Escolinha Criticados pela falta de articulação na Comissão de Constituição e Justiça, deputados do PSL que estão na comissão especial da reforma querem melhorar o desempenho. A ideia é ter reuniões semanais com o ministro Paulo Guedes (Economia) para afinar o discurso e tirar dúvidas.
Aprendo… Apesar disso, os deputados do PSL já elaboram emendas ao texto da equipe econômica. Felipe Francischini (PSL-PR) vai propor que guardas municipais sejam classificados segundo as regras dos agentes de segurança.
…rápido Já o deputado Júnior Bozzela (PSL-SP) quer que a adesão ao novo modelo do BPC seja facultativa.
Não tão fácil O deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP) foi ao Tribunal de Contas da União para tentar obrigar a equipe econômica de Jair Bolsonaro a pedir a autorização do Congresso para repactuar a cessão onerosa da Petrobras.
Não tão rápido 2 Para destravar os leilões de petróleo, o governo quer ressarcir a Petrobras em US$ 9 bilhões. O deputado do Solidariedade diz que, se fizer o pagamento sem autorização do Congresso, o ministro da Economia vai estourar o teto do gastos.
Não tão rápido 3 Paulinho entrou com ação com pedido de cautelar–ou seja, solicita decisão urgente e provisória sobre o tema. O caso está com o ministro Bruno Dantas. A ofensiva no TCU deve apressar a negociação entre o governo e a Câmara por uma solução.
Coração de mãe A migração do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Ministério da Justiça para o Ministério da Economia já é dada como certa no Congresso, mas esse não é o único incremento que a pasta de Paulo Guedes deve ganhar.
Sempre cabe mais um A cúpula do PRB está decidida a usar a medida provisória que reorganizou a Esplanada para devolver a Apex para a Economia. A agência, hoje vinculada ao Itamaraty, tornou-se um foco de polêmica e disputa de poder entre técnicos, simpatizantes de Olavo de Carvalho e militares.
Sombra Aliados do governador do Paraná, Ratinho Júnior, e integrantes do PSD, o partido dele, reclamam do que chamam de ingerência excessiva do marqueteiro argentino Jorge Gerez sobre as ações da administração. Gerez é ligado ao partido anterior de Ratinho, o PSC, não tem gabinete no Palácio, mas sempre circula entre as secretarias.
TIROTEIO
O governo deveria fechar cursos ruins de qualquer área, não cursos que ensinam a pensar ou a entender a sociedade
De Renato Janine, ex-ministro da Educação, sobre o anúncio de Jair Bolsonaro de que estuda cortar verbas para filosofia e sociologia