Monge budista é investigado por má conduta sexual na China

Um dos monges budistas mais importantes da China está enfrentando uma investigação por parte do governo por acusações de má conduta sexual, em um sinal de que o movimento #MeToo esteja ganhando terreno no país asiático apesar da censura oficial.

O abade Shi Xuecheng, do mosteiro de Longquan, é acusado de assediar e exigir favores sexuais de inúmeras monjas em um documento de 95 páginas compilado por dois membros do templo histórico de Pequim. O testemunho das supostas vítimas vazou nesta semana nas redes sociais, levando o tema a ganhar grande cobertura pela imprensa chinesa.

A Administração Estatal de Assuntos Religiosos da China disse nesta quinta (3) que as denúncias vão ser investigadas. Xuecheng e o templo negam as acusações. 

O diácono Shi Xinagi e o monge Shi Xianjia, que denunciaram o abade, foram expulsos do templo e agora cooperam com a investigação do governo. 

Xuecheng, que presidente a Associação Budista da China e atua no órgão de assessoramento político do governo central, é o mais recente a ser investigado enquanto o movimento #MeToo parece ganhar força no país. Professores universitários, ativistas e membros da imprensa foram acusados online e colocados sob investigação. 

Xuecheng, 51, é uma figura religiosa conhecida na China, tendo publicado vários livros e posts diários em seu blog. A China tem cerca de 250 milhões de budistas. 

Nascido como Fu Ruilin na província de Fujian, o carismático monge é famoso por ter revitalizado o milenar mosteiro de Longquan, em Pequim, que hoje atrai universitários de elite e empresários do ramo da tecnologia. Recentemente, o templo permitiu que seus monges estudassem com ajuda de iPads e construiu um monge-robô em tamanho miniatura para responder perguntas sobre budismo.

Os documentos reúnem mensagens de conteúdo explícito supostamente enviadas pelo monge e relatos de mulheres segundo os quais ele as forçou a fazer sexo, além de extratos financeiros que sugerem que ele desviou quase US$ 1,5 milhão (R$ 5,6 milhões).

Segundo os relatos,  Xuecheng alegava às monjas que elas seriam "purificadas" por meio do contato físico e que sexo era parte de seus estudos da doutrina religiosa.

"Os monges são controlados há muito tempo para ter condições de fazer uma autolimpeza e uma autodisciplina. Fizemos isso para impedir que mais bhikkhuni [monjas] fossem feridas, então pedimos ajuda ao governo", disse Xianqi,

Na quarta-feira, Xuecheng divulgou uma nota sob o nome do mosteiro em que denunciou os documentos como "materiais forjados, fatos distorcidos e acusações falsas". Como é regra entre monges budistas, Xuecheng fez voto de celibato ao entrar na vida monástica.

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