Não sabemos ainda qual é a base do governo, diz novo líder no Senado
Recém-escolhido líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) admitiu nesta quarta-feira (20) não saber qual é a base que o presidente Jair Bolsonaro tem hoje na Casa.
"Nós não sabemos ainda. É uma renovação muito grande tanto na Câmara quanto no Senado Federal. Os senadores acabam de chegar, estamos entrando na terceira semana de trabalhos legislativos. Agora que as comissões foram constituídas, estamos identificando os temas de interesse de cada parlamentar e estamos buscando este diálogo, esta aproximação para ter uma base sólida para aprovar as reformas que interessam ao governo", afirmou Bezerra.
O governo tem sofrido com a falta de articulação política no Congresso e a situação se agravou ainda mais com a crise enfrentada pelo Palácio do Planalto nos últimos dias.
Nesta segunda-feira (18), o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, caiu após uma crise instalada no Palácio do Planalto com a revelação pela Folha da existência de um esquema de candidaturas laranjas do PSL para desviar verba pública eleitoral.
O partido foi presidido por ele durante as eleições de 2018, em campanha de Bolsonaro marcada por um discurso de ética e de combate à corrupção.
Na terça-feira (19), a crise aumentou com a divulgação de áudios que confrontam a versão do presidente de que ele não havia falado com Bebianno em 12 de fevereiro, quando estava internado em São Paulo.
Em entrevista à rádio Jovem Pan, Bebianno aumentou o desgaste com Bolsonaro ao afirmar que o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), um dos filhos do presidente, foi o responsável pela sua demissão do governo e que ele fez "macumba psicológica" na cabeça do pai.
Neste mesmo dia, a Câmara infligiu a primeira derrota ao governo, derrubando o decreto que alterou as regras da Lei de Acesso à Informação.
Deputados reclamam da falta de interlocução com o governo. Criticam a atuação do líder do governo na Câmara, o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO), e chegaram a ameaçar uma rebelião porque o Executivo iria apresentar o texto da reforma da Previdência primeiro aos governadores e, somente depois, aos líderes partidários.
A escolha de Bezerra para líder do governo no Senado já representa uma mudança na estratégia do governo. Apesar de o senador ser aliado de Renan Calheiros (MDB-AL), ter sido ministro da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e ser alvo de investigações, o Planalto preferiu optar por um parlamentar mais experiente e que contempla o MDB, partido com a maior bancada da Casa, com 13 senadores.