Nova geração de nadadores brasileiros desponta e terá grande teste em 2019

No início do mês, os oito velocistas mais rápidos da natação brasileira se reuniram no Rio de Janeiro para treinamentos voltados à prova de revezamento 4 x 100 nado livre. Desses atletas, cinco têm no máximo 22 anos.

Eles compõem uma nova geração da natação masculina do país, que já se destaca em competições internacionais e deve evoluir até a Olimpíada de Tóquio-2020.

Este será um ano fundamental na preparação para os Jogos, principalmente com o Mundial em Gwangju, na Coreia do Sul, em julho.

“Hoje o Brasil tem um grupo de atletas muito poderoso nas provas de velocidade. Queremos criar um sentido de que cada um tem que nadar pelo outro, que todos estão nadando pelo país”, disse Jorge Bichara, diretor do Comitê Olímpico do Brasil, que junto com a confederação de esportes aquáticos promoveu o camping no Rio.

 

O revezamento 4 x 100 livre brasileiro fez o melhor tempo do mundo em 2018, durante a disputa do campeonato Pan-Pacífico. Participaram da prova Gabriel Santos, 22, Pedro Spajari, 21, Marco Antônio Ferreira Júnior, 21, e Marcelo Chierighini, 28.

Em dezembro, no Mundial de piscina curta (25 m) na China, o destaque ficou por conta do revezamento 4 x 200 livre, que conquistou a medalha de ouro e bateu o recorde mundial. Na equipe, estavam Breno Correia, 19, Fernando Scheffer, 20, Luiz Altamir, 22, e Leonardo de Deus, 28.

Mas nem só dos revezamentos vive a renovação da natação brasileira. Spajari e Santos, por exemplo, fizeram o quarto e o quinto melhores tempos do mundo em 2018 nos 100 m livre. Scheffer, o quarto melhor nos 200 m.

Além disso, atletas mais novos têm buscado espaço em diferentes provas olímpicas. Guilherme Costa é especialista em longas distâncias (800 m e 1.500 m livre). Caio Pumputis e Brandonn Almeida se destacam no nado medley, Vinicius Lanza, no borboleta, e Gabriel Fantoni, no costas.

Alex Pussieldi, ex-treinador de seleções olímpicas e comentarista do SporTV, afirma que o fato de nadadores mais experientes do país conseguirem prolongar suas carreiras e permanecer ativos em distâncias mais curtas faz com que muitos jovens procurem provas mais longas, pelo menos no início de carreira.

Mas por enquanto o destaque ainda é maior para os velocistas. Segundo Pussieldi, o revezamento ganhou holofotes porque nadou bem no torneio mais importante do ano. Já os resultados individuais de Spajari, Santos e Scheffer vieram em disputas nacionais.

“Você tem que nadar bem na hora certa. Nadar bem na hora errada não vale nada, porque pode parar nas eliminatórias e nem chegar à final”, diz.

O auge na natação masculina, ele explica, costuma ocorrer dos 21 aos 24 anos. Assim, muitos desses novos nomes deverão chegar aos Jogos de Tóquio com boas chances de disputar finais e medalhas.

No caso de Murilo Sartori, 16, que treina em Americana (SP), as expectativas não são tão imediatas, mas os resultados no juvenil animam muito. 

“Não existe no mundo um garoto tão bom nos 200 m nado livre como o Murilo Sartori. O problema é que eu não tenho a certeza de que ele vai ser o melhor aos 17, aos 18, não existe essa garantia. Os processos precisam seguir naturalmente para ele continuar crescendo”, diz Pussieldi.

Entre os 12 principais nomes da nova geração há nadadores nascidos em seis estados diferentes e em todas as regiões do país. Há, no entanto, uma concentração entre os clubes que eles defendem, todos localizados no Sudeste.

Cinco representam o Minas Tênis Clube, outros cinco o Pinheiros. Corinthians e Americana têm um nadador cada nessa lista. Para o comentarista, a situação é reflexo do baixo número de agremiações  com boa estrutura no país e tem consequências negativas.

“Se o nadador estivesse num outro clube talvez tivesse um trabalho mais especifico. Ao concentrar todo mundo na mesma piscina, os técnicos serão sobrecarregados”, afirma.

Alguns deles, como Lanza, Pumputis e Fantoni, treinam em universidades americanas e representam os clubes brasileiros em torneios.

Já na categoria feminina ainda não há surgimento em profusão de novos nomes. “Talento elas têm, os resultados nas categorias menores são de expressão, mas não estamos conseguindo fazer com que elas continuem progredindo. Precisamos fazer isso”, finaliza Pussieldi.

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