'O Sétimo Guardião' ajuda noveleiro traumatizado por Beto Falcão
Depois de seis meses submetido ao "Axé Pelô" de Beto Falcão --o cantor vivo-morto de "O Segundo Sol"--, o telespectador bem que merecia um alívio. E ele veio.
"O Sétimo Guardião" deu início à nova temporada das 21h da Globo com Fleetwood Mac já numa bela abertura. Jefferson Airplane, Som Nosso de Cada Dia, Alexander Ebert e Greta Van Fleet são alguns dos outros bons nomes cujas músicas ajudaram a, se não elevar o nível, pelo menos permitir que se aumentasse um pouco o volume da novela.
A trama de Aguinaldo Silva recolhe os pedaços de produções bem-sucedidas das plataformas de streaming e da TV paga: sangue, mortos-vivos e palavrões. Metade destes, no primeiro capítulo, saíram da boca de Tony Ramos --isso sim digno de realismo fantástico, o gênero ao qual a novela pretende pertencer. O ator interpreta o empresário Olavo, que vê a filha, Laura (Yanna Lavigne), ser abandonada no altar por Gabriel (Bruno Gagliasso), filho da vilã Valentina (Lília Cabral).
O abandono, no entanto, não parece ser grande coisa. Os preparativos do casamento fazem parecer que se trataria de uma cerimônia de inauguração de showroom. A ensebação vai longe. O desinteresse do noivo pela cerimônia não seria capaz de causar comoção nem mesmo num galpão do Expo Noivas, menos ainda no espectador que tenta ligar os pontos de uma história que acaba de conhecer.
Quando a pretendente enfim fica sabendo que foi abandonada no altar, podemos seguir em frente. O alívio de quem vê a novela só não parece ser maior que o da própria noiva abandonada, que da choradeira parte direto para uma viagem, antes mesmo que o pai consiga desatar o nó da gravata.
O rapaz, por sua vez, vai atrás do gato preto, Leon, que costura toda a história em torno dos guardiães de um tesouro.
Num festival de olhos arregalados, o felino e o humano atormentado tentam transmitir um pouco dos mistérios que devem rondar a trama. Luz (Marina Ruy Barbosa) fica encarregada de prover a fantasia, com sonhos, premonições ao estilo "Walking Dead" e um desfile noturno digno de noiva-cadáver. Ainda é cedo para dizer se vai funcionar. Se tudo der errado, porém, pelo menos teremos direito a alguns meses de boa trilha sonora pela frente —o que já parece uma grande vantagem.