Papa aceita renúncia de arcebispo australiano que acobertou abusos
O papa Francisco aceitou a renúncia do arcebispo australiano Philip Wilson, que foi declarado culpado de acobertar abusos sexuais contra uma um menor de idade nos anos 1970, anunciou nesta segunda-feira (30) o Vaticano.
O arcebispo de Adelaide, de 67 anos, foi acusado de acobertar os abusos de um padre pedófilo, Jim Fletcher.
Um tribunal o declarou culpado em maio e no mês seguinte o condenou a 12 meses de prisão, sem possibilidade de ser libertado antes de seis meses. O religioso, que sempre negou as acusações, anunciou em maio o afastamento de suas funções para examinar o veredito.
"O Santo Padre aceitou a renúncia do governo pastoral da arquidiocese de Adelaide (Austrália) apresentada pelo monsenhor Philip Edward Wilson", afirma a nota divulgada pelo Vaticano.
Francisco adotou a linha de tolerância zero contra a pedofilia na Igreja após uma série de escândalos que abalaram seu papado.
No sábado, (28) em um gesto sem precedentes na história recente, anunciou a suspensão do célebre cardeal americano Theodore McCarrick, 87 , do Colégio Cardinalício e o proibiu de exercer seu ministério após uma investigação que considerou "críveis" as acusações de abuso sexual contra o religioso.
McCarrick, um padre que se tornou bispo-auxiliar de Nova York e arcebispo de Washington, é um dos cardeais americanos mais conhecidos no cenário internacional.
Em maio, 34 bispos chilenos pediram renúncia coletiva devido ao escândalo de pedofilia que atingiu a Igreja no país. Em seguida, 14 padres foram suspensos por supostos crimes sexuais, um ato sem precedentes nos cinco anos de papado de Francisco.
Vários membros da hierarquia eclesiástica chilena foram acusados pelas vítimas de ignorar e acobertar os abusos do padre pedófilo Fernando Karadima nos anos 1980 e 1990.
Francisco, que inicialmente minimizou as denúncias contra Karadima, teve de pedir perdão, receber as vítimas e prometer uma verdadeira limpeza da instituição.
Associações de vítimas em todo o mundo exigem que o papa passe das palavras à condenação e criação de comissões sobre o problema, com uma política mais forte para prevenir os abusos e garantir que se faça justiça.
Além do caso de Wilson, também está sendo julgado atualmente na Austrália o cardeal George Pell, acusado de abusos de menores.
O religioso, que pediu licença de seu cargo como número três do Vaticano, era inicialmente suspeito de ter acobertado os casos, mas durante a investigação surgiram diversas denúncias de que ele teria abusado das crianças. Ainda não há uma data para a conclusão de seu julgamento.