Tribalistas misturam seus dois álbuns em harmonia na abertura de turnê em Salvador
A espera acabou. Depois de 16 anos do lançamento do primeiro álbum dos Tribalistas, o trio formado por Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown começou em Salvador, no sábado (28), uma turnê de superstars. A série de shows em estádios pelo país começou com casa lotada, fãs extasiados, alguma chuva e a certeza de que o repertório é arrebatador.
A principal qualidade do show é fácil de perceber. As músicas dos dois discos do trio (o segundo foi lançado no ano passado) não demonstram nenhuma estranheza entre elas. Apesar dos 15 anos que separam as gravações dos álbuns, as canções se misturam de uma maneira tranquila, sem sobressaltos.
Críticos ranzinzas podem dizer que isso acontece porque o segundo disco foi “mais do mesmo”, que não mostrou novidades mesmo depois de um intervalo tão longo. É um diagnóstico equivocado. Na verdade, a música dos Tribalistas flui tão orgânica porque eles nunca pararam de trabalhar juntos.
No repertório mostrado, algumas músicas não foram lançadas nos dois discos do trio. Estão espalhados pelos álbuns solo dos integrantes. Foram 27 canções na apresentação, ou 28, considerando-se a citação de “Consumado” dentro de “Paradeiro”, duas gravadas originalmente em discos de Arnaldo.
Como Marisa Monte lembrou em conversa com a plateia, são mais de 50 músicas compostas pelo trio, além de muitas outras feitas em parcerias de duplas entre eles. Assim, o trabalho conjunto esteve muito vivo durante esse período de década e meia entre os álbuns, ambos intitulados apenas “Tribalistas”.
O púbico baiano cantou todas as músicas em coro com os ídolos. A comunicação total com a plateia não foi atrapalhada por uma chuva forte, mas de curta duração. Ironicamente, começou quando a banda tocava “Água Também É Mar”. O trio brincou, chamando a chuva de efeito especial do espetáculo.
Marisa, Arnaldo e Brown preferem uma postura calma no palco, cada um restrito a uma pequena área, com ela no centro. Atrás, uma banda de pedigree: Pedro Baby na guitarra, Marcelo Costa na bateria, Pretinho da Serrinha, tocando cavaco, violão e percussão, e Dadi no baixo e teclados.
Se os músicos se mexem pouco, o olhar da plateia é levado de um lado a outro pelo intenso trabalho de vídeos nos telões. Entre animações e filmagens feitas para essa turnê, aparecem também imagens antigas. Como cenas do clipe de “Amor I Love You”, sucesso que Marisa escreveu com Brown e gravou com Arnaldo em 2000.
Na comparação do repertório dos dois discos, as músicas do álbum recente ainda recebem uma reação um pouco mais morna da plateia. Não é o caso de “Diáspora”, que bateu forte no público, cantada em uníssono.
Mas as canções do disco de estreia se mostram já clássicos da MPB. Não por acaso, as últimas músicas da apresentação vieram direto de 2002: “Já Sei Namorar”, “Velha Infância” e “Tribalistas”, para fechar uma noite de artistas carismáticos, instrumental empolgante e letras refinadas.
A turnê dos Tribalistas passa por mais nove capitais. Em São Paulo, o show será no dia 18/8, no Allianz Parque.