Pelo Ajax, Onana pode ser 1º goleiro da África negra na final da Champions
Em negociações avançadas com o Barcelona (ESP), o meia Frankie de Jong e o zagueiro Matthijs de Ligt procuraram um colega de Ajax (HOL) para saber como é a vida na Espanha.
“Eles vão adorar o país, o clima e o clube. A adaptação vai ser fácil”, afirma o goleiro Andre Onana, 23, que chegou aos 13 anos nas categorias de base do clube catalão em 2010. Havia sido descoberto por olheiros que trabalham para a Fundação Samuel Eto’o.
O trio pode ir à Espanha no próximo dia 1º para a final da Champions League. O Ajax é favorito para se classificar na partida de volta da semi contra o Tottenham Hotspur (ING), nesta quarta (8), às 16h, em Amsterdã (transmissão pela TNT). No primeiro jogo, em Londres, os holandeses venceram por 1 a 0.
Se a classificação for confirmada, o camaronês Onana será o primeiro goleiro da África negra a disputar a final do principal torneio europeu. Será também o segundo jogador negro da posição a ir tão longe. O único até agora foi o brasileiro Dida, campeão em 2007 e 2003 e vice em 2005 com o Milan (ITA).
Antes dele, o único africano havia sido Bruce Grobbelaar, de família branca, nascido na África do Sul e criado no Zimbábue. Ele foi campeão pelo Liverpool em 1984.
“Todos os goleiros são iguais, brancos ou negros. Todos cometem erros. Eu cometo erros. Mas os goleiros negros precisam se preparar mais. Para nós, não é fácil”, avalia.
Onana esteve em campo todos os minutos de todas as partidas do Ajax na Champions League até agora. Uma campanha que começou nas etapas preliminares, quando quase ninguém sonhava que o clube pudesse ir tão longe na competição. O próprio goleiro admite que, no início, a meta era conseguir chegar à fase de grupos e terminar pelo menos em terceiro para ficar com vaga na Liga Europa.
O Ajax se tornou o conto de fadas da Champions. Depois de se classificar em segundo na chave liderada pelo Bayern de Munique-ALE (já eliminado), passou por Real Madrid (ESP) e Juventus (ITA), vencendo as duas partidas fora de casa. O que mais chama a atenção é o futebol ofensivo e de toque de bola, lembrando as tradições do time campeão europeu em 1971, 1972, 1973 e 1995.
“Após resultados que conseguimos, não temos medo de ninguém”, completou Onana.
O título do Ajax depois de 24 anos seria tão improvável quanto o processo de afirmação de Onana em Amsterdã. Depois de passar cinco anos nas categorias de base do Barcelona, ele foi contratado pelo time holandês por R$ 1 milhão (valor atual) em janeiro de 2015.
Com a saída do titular Cillessen para o Barcelona no ano seguinte, o Ajax resolveu contratar Tim Krul, 28 anos à época, para substituí-lo. Mas o herói da disputa de pênaltis da seleção da Holanda nas quartas de final da Copa de 2014 se recuperava de lesão no tendão de Aquiles. Enquanto não estava em condições de jogo, Onana começou a atuar e parecia ser demais para ele. As falhas fizeram a diretoria cogitar contratar outro goleiro. O então técnico Peter Bosz insistiu com o camaronês, que aos poucos se encontrou em campo.
A temporada 2016-2017 foi a de confirmação. Em 46 partidas, ele sofreu 36 gols e ficou sem ser vazado em 21 jogos.
Foi quando começou a atrair a atenção de outras equipes. Entre elas, o Barcelona.
“Voltar ao Barcelona seria sensacional. É um clube fantástico. Quem não gostaria de jogar lá?”, questiona.
Entre os goleiros africanos que atuaram no futebol europeu, os camaroneses foram os que mais se destacaram. Onana é mais um nome na escola do país que também teve Joacques Songo’o (ex-La Coruña), Thomas Nkono (titular da seleção de Camarões nas Copas de 1982 e 1990 e ex-Espanyol), Joseph Bell (Mundiais de 1982, 1990 e 1994, ex-Olympique de Marselha) e Carlos Kameni (ex-Espanyol e hoje em dia no Fenerbahce).