Petista teve saída temporária | Lula volta à prisão

Quase nove horas após ter decolado de Curitiba na manhã de hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou às 15h45 à Superintendência da Polícia Federal na cidade, onde cumpre prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

Quando Lula desembarcou do helicóptero que o trouxe do aeroporto à sede da PF, alguns militantes gritaram em coro "força, Lula" e "Lula guerreiro". O ex-presidente não acenou enquanto caminhava do heliponto para a área interna da sede da PF.

Cerca de cem militantes aguardavam o ex-presidente nas imediações da PF, carregando balões brancos.

Lula aterrissou de volta no aeroporto da capital paranaense por volta das 15h25 e encerrou, assim, a viagem autorizada pela Justiça Federal para que ele pudesse acompanhar o velório de seu neto Arthur Araújo Lula da Silva, 7, que morreu ontem, vítima de meningite.

Lula saiu da PF num helicóptero da Polícia Civil do Paraná às 7h deste sábado. Viajou para São Paulo num avião do governo paranaense e, de lá, foi para São Bernardo do Campo (SP).

Chegou ao cemitério Jardim da Colina às 11h04, onde acompanhou o fim do velório e a cerimônia de cremação de Arthur. Às 12h58 e iniciou sua viagem de volta.

Ao desembarcar em São Paulo, o ex-presidente foi recebido por militantes que organizaram um ato de apoio do lado de fora do prédio da polícia. O ato procurou evitar o tom político, e focou-se principalmente não apoio ao ex-presidente pela perda de um parente próximo. 

Lula se despede do neto em cemitério em SP

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Lula entrou e saiu do cemitério chorando muito. Na primeira hora, ficou ao lado do caixão, em prantos, e fazendo carinhos no corpo do menino. Na segunda hora, cumprimentou cerca de 100 pessoas e fez carinho no melhor amigo de Arthur, chamado Pedro.

A todo momento, policiais federais estiveram monitorando Lula dentro e fora do crematório. Eles estavam armados e se falavam através de rádio comunicadores. Além do barulho dos agentes conversando, militantes que estiveram com o ex-presidente afirmaram que só se ouvia choro no velório. 

Durante a cerimônia, que começou pontualmente às 12h e durou uma hora, Lula não se sentou. Durante o ato, um padre e dois pastores fizeram homenagens. Junto ao corpo, também foram cremados brinquedos e livros do menino. Foi depois disso que Lula fez um pequeno discurso aos amigos e familiares.

LULA PROMETE PROVAR INOCÊNCIA A NETO

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma promessa ao neto Arthur, 7, ao se despedir da criança em seu velório em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Lula prometeu a Arthur provar sua inocência. 

Arthur, você sofreu muito bullying na escola, por ser neto do Lula. Tenho um compromisso com você: vou provar a minha inocência e vou mostrar quem é ladrão e quem não é neste país. As pessoas que me condenaram, eu duvido que possam olhar para os netos como eu olhava para você

A frase é de Lula, segundo relato de pessoas que acompanharam o velório.

O ex-presidente ainda afirmou que vai provar que o procurador-chefe da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, e o ex-juiz federal e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, mentiram sobre ele.

FUNERAL POLITIZADO E COM FORTE SEGURANÇA

O funeral de Arthur foi marcado pela presença de caciques do PT que prestaram solidariedade à família de Lula e por atos de apoio ao ex-presidente, com militantes petistas entoando gritos de "Lula Livre" e "preso político", além de citações a Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL) e ao escândalo das candidaturas laranjas do partido de Jair Bolsonaro (PSL) e palavras de ordem contra o ex-juiz federal e atual ministro da Justiça, Sergio Moro. 

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), entre outros amigos e familiares, prestam solidariedade à família de Lula no cemitério. O deputado federal Rui Falcão (PT-SP), ex-presidente nacional do PT, e o Guilherme Boulos (PSOL), que disputou a Presidência no ano passado, também compareceram à cerimônia. 

Em clima marcado por forte comoção, militantes rezaram o "Pai Nosso" e aplaudiram o ex-presidente. Eles tiveram acesso ao velório, mas, pouco antes da chegada de Lula, o local teve as portas fechadas. A cerimônia de cremação aconteceu às 12h. 

No cemitério, a segurança foi reforçada pela Polícia Militar --antes das 9h, 20 viaturas de batalhões especiais e cerca de 20 policiais a pé entraram no cemitério.

Agentes da PF restringiram o acesso da militância ao velório. Contrariados, alguns militantes chegaram a gritar para a PF ir atrás de Queiroz. Ante a possibilidade de entrada de um ativista com bandeira de movimento social, um policial federal afirmou a um segurança do PT: "se houver baderna, vamos embora e acabou". 

O segurança imediatamente gritou a outros seguranças: "ninguém entra!". Agentes autorizaram, contudo, uma mãe a entrar no velório com cinco amigos de escola de Arthur. A cerimônia contou ainda com uma oração conjunta "por Arthur e pela melhora do país" que envolveu a família, amigos e militantes dentro e fora do local do velório.

EM JANEIRO, LULA NÃO FOI A VELÓRIO DO IRMÃO

Há pouco mais de um mês, o irmão de Lula, Genival Inácio da Silva, morreu também em São Paulo, e Lula não pôde comparecer ao velório, nem ao enterro.

Na ocasião, a juíza Carolina Lebbos, responsável pela execução penal de Lula, negou o pedido para que o ex-presidente deixasse a prisão temporariamente, alegando "impossibilidade logística".

*Com reportagem de Luiz Adorno e Bernardo Barbosa, em São Bernardo do Campo

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