Por 35 votos a 14 | Câmara do Rio aprova abertura de processo de impeachment de Crivella

Por 35 votos a 14, a Câmara Municipal do Rio acolheu nesta terça-feira (2) um pedido de impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella (PRB) por suposto crime de responsabilidade envolvendo contratos de outdoors e sinalizações públicas na cidade.

O processo tem até 90 dias para ser concluído a partir da data da notificação ao prefeito. Durante esse período, Crivella permanece no cargo.

Ele só sairá se, ao fim do processo, o impeachment for aprovado 34, ou seja, dois terços dos 51 vereadores. Se isso acontecer, assume por 90 dias o presidente da Câmara, Jorge Felippe (MDB), e haverá nova eleição - ainda não se sabe se direta ou indireta.

o-resultado-final-da-votacao-na-camara-do-rio-foi-de-35-votos-favoraveis-a-abertura-do-processo-de-impeachment-contra-14-na-imagem-os-votos-do-dr-joao-ricardo-e-professor-adalmir-ambos-a-favor-nao-1554240580962_v2_450x253.jpgx 2.abr.219 - O resultado final da votação na Câmara do Rio foi de 35 votos favoráveis a abertura do processo de impeachment contra 14. Na imagem, os votos do Dr João Ricardo e Professor Adalmir, ambos a favor, não aparecem listados Imagem: Marina Lang/UOLAgora, uma Comissão Processante será formada. Ela será integrada por três vereadores e iniciará os trabalhos em cinco dias. A comissão notificará o prefeito que terá o prazo de dez dias para apresentar sua defesa.

Foram sorteados para a comissão Paulo Messina (PROS), Luiz Carlos Ramos (PSDC) e William Coelho (MDB).

"Vou trabalhar com outros vereadores da base para entender o que está acontecendo, com o que [os vereadores] estão insatisfeitos, se a máquina não está funcionando, se eles estão sendo cobrados pelos moradores e a prefeitura não atende. É isso que a gente tem que entender e compreender", disse Messina ao UOL logo após a votação.

Procurados, nem a Prefeitura do Rio, nem Crivella, se manifestaram.

O que diz a denúncia contra Crivella

Um relato das supostas irregularidades de Crivella foi protocolado por um fiscal da Secretaria de Fazenda na tarde de ontem. Foi o segundo pedido de impeachment aberto em menos de uma semana.

De acordo com o pedido de impeachment, Crivella renovou no fim de 2018 um contrato com duas empresas, sem licitação.

A medida teria beneficiado as concessionárias Adshel (controlada pelo grupo inglês More GroupUKLimited) e Cemusa (cujo controle é da francesa JCDecaux). Elas tinham direito de explorar anúncios em pontos de ônibus e outdoors por 20 anos - o contrato havia sido firmado em 1999.

Depois desse período, os mobiliários urbanos passariam a pertencer ao município. Crivella teria, então, renovado a concessão sem licitação - o que causou prejuízos aos cofres públicos, segundo argumentou a denúncia.

O pedido aponta ainda que a prefeitura deixou de arrecadar cerca de R$ 20 milhões de ambas as empresas, que não pagaram os valores devidos à Prefeitura do Rio, e multas em torno de R$ 5 milhões.

"Desde o início do mandato do atual prefeito, a administração municipal tem agido de forma totalmente negligente com relação a diversos alertas sobre ilegalidades cometidas, devidamente protocolados, como exemplo a utilização do site da prefeitura para promoção do atual gestor", diz a pedido que, em seguida, descreve os fundamentos que o baseiam.

"Fato é que a conduta do atual prefeito não configura apenas infração político-administrativa, mas improbidade administrativa, que deverão ser apuradas nas vias próprias", afirma o pedido de impeachment.

Como foi a votação

O secretário da Casa Civil da Prefeitura do Rio, Paulo Messina (PROS), foi exonerado do cargo hoje para voltar à Câmara - ele é vereador eleito e seu suplente, Jimmy Pereira (PRTB) sinalizou que votaria a favor da admissibilidade do pedido. Na tribuna, ele afirmou que a investigação não preocupa o governo é que o prefeito "não tem culpa sobre isso".

O fiscal da Secretaria de Fazenda municipal Fernando Lyra Reys afirmou no documento que o prefeito do Rio cometeu crime de responsabilidade na renovação de contratos de mobiliários urbanos - que consistem em outdoors e banners em pontos de ônibus, veículos de transporte público e outros locais - em dezembro do ano passado.

O vereador Fernando William (PDT) abriu os discursos da votação e chamou uma apoiadora de Crivella, "safada" e "picareta".

Ele tentava resumir a denúncia que pede o impeachment de Crivella e foi diversas vezes interrompido pelos apoiadores do prefeito presentes em uma das tribunas da Câmara dos Vereadores.

Os manifestantes críticos a Crivella começaram a discutir com os apoiadores, pedindo para que o prefeito saísse.

O vereador Inaldo Silva (PRB) pediu um recesso de três sessões para avaliação do pedido. Ele é correligionário do prefeito.

Veronica Costa (MDB) fez um discurso enfático pela abertura do processo. "As pessoas estão morrendo nos hospitais. O prefeito tirou a merenda das creches. Isso é desumano", declarou ela. Ela, que também é conhecida como Mãe Loira do Funk já fez parte do grupo de funk Furacão 2000, ressaltou que é egressa de uma comunidade pobre.

"Vamos sair daqui vitoriosos com 35 votos", disse o vereador Reimont (PT).

A vereadora Teresa Bergher (PSDB) disse que a situação é "grave" e que houve crime de responsabilidade por parte do prefeito. Ela chegou a ser secretária na primeira escalação desta gestão do governo municipal, mas entrou para a oposição ao prefeito. Apoiadores de Crivella hostilizaram a vereadora.

Já Paulo Messina, secretário da Casa Civil exonerado hoje para votar contra o processo de impeachment afirmou que Crivella é inocente das acusações e que ele não tem responsabilidade na renovação dos contratos. Ele defendeu a abertura de uma CPI na casa legislativa para apurar as acusações.

"Eu sou o primeiro a assinar a abertura de CPI nesta casa. Se a CPI investigar e concluir que as acusações procedem, vamos votar o impeachment", declarou o secretário exonerado.

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