Presidente visitou Museu do Holocausto | Após visita a memorial, Bolsonaro diz que nazismo é de esquerda
Após visitar o museu do Holocausto de Israel, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou neste início de tarde concordar com seu chanceler de que o nazismo foi um movimento da esquerda.
Questionado por um jornalista na entrada de seu hotel, em Jerusalém, se concorda com a afirmação de Ernesto Araújo, Bolsonaro respondeu: "Sem dúvidas. É o Partido Nacional Socialista da Alemanha".
O próprio Yad Vashem, o museu de memória às vítimas do Holocausto, abriga um centro de pesquisas que afirma que o nazismo foi um movimento de extrema-direita. Historiadores renomados de todo o mundo concordam.
O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, que acompanha Bolsonaro na viagem, afirmou na semana passada que o nazismo seria um regime de esquerda. Araújo chegou a escrever um texto em seu blog, Metapolítica 17, reafirmando sua posição.
Para ele, "podemos facilmente notar que o nazismo tinha traços fundamentais que recomendam classificá-lo na esquerda do espectro político." O texto foi compartilhado pelo deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente que também o acompanha na viagem.
Sobre o nazismo como movimento de esquerda e sobre a importância da aliança liberal-conservadora: https://t.co/h9PvEOPt02
? Ernesto Araújo (@ernestofaraujo) March 30, 2019Parceria 'veio para ficar'
Em seu terceiro e último dia de visita a Israel, afirmou que a parceira com o país "veio para ficar" e ouviu do primeiro-ministro que Israel "não tem limites" para contribuir com o Brasil.
Após a visita ao Yad Vashem, o presidente voltou a dizer a mesma frase escrita no domingo, durante o início da viagem a Israel. "Ao voltar para a Terra Santa, deixo apenas duas mensagens: como cristão, que está na Bíblia, João 8:32, 'conhecereis a verdade e a verdade vos libertará'. E a outra é uma frase minha, que creio que cabe neste local, onde fazemos um exame de consciência: "aquele que esquece o seu passado está condenado a não ter futuro". Eu amo Israel", afirmou aos jornalistas. A mesma mensagem foi deixada no livro de honra.
O presidente ainda foi questionado sobre a possível mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém --promessa de campanha que tem sofrido idas e vindas desde que ele foi eleito.
Bolsonaro contemporizou, mas sinalizou que, apesar do anúncio de um escritório em Jerusalém, mantém os planos de transferência da embaixada. "Um grande casamento começa com namoro", afirmou. Na noite de ontem, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que acompanha a viagem do pai, disse que a mudança será feita "muito antes do final de seu mandato".
Centro Mundial de Memória do Holocausto. pic.twitter.com/F3mJctW80k
- Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 2, 2019
Mais cedo, Bolsonaro participou do fórum Missão Comercial Brasil-Israel em Jerusalém ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e falou da nova parceria entre ambos países.
Quero passar uma mensagem de confiança, de novos tempos e novos horizontes. Estamos à disposição de quem quiser investir no Brasil e tenham a certeza de que serão bem recebidos, bem tratados e que poderão confiar em nosso trabalho Jair Bolsonaro
O presidente brasileiro também disse que a abertura de um escritório de negócios, tecnologia, pesquisa e inovação em Jerusalém, anunciado no primeiro dia de visita, é uma forma de carimbar o compromisso entre os dois países e confirmar que essa relação "veio para ficar".
Embora não seja uma representação diplomática, o escritório em Jerusalém foi suficiente para provocar descontentamento entre palestinos e fez com que a Autoridade Palestina convocasse seu embaixador no Brasil para prestar esclarecimentos.
No fórum, Netanyahu disse a Bolsonaro que "o Brasil tem qualidades tremendas e possibilidades tremendas de se unir a nós". "Podemos ser, e queremos ser, os parceiros perfeitos."
O primeiro-ministro afirmou que Israel "não tem limites" para contribuir com o Brasil no âmbito da cibersegurança, agricultura, gestão da água e tecnologias da informação. "O céu é o limite", disse o chefe de governo israelense.
Por sua vez, Bolsonaro afirmou que Israel é um país aberto. "O que notei de Israel, estudando e agora pessoalmente, é que é um país aberto ao mundo."
Além disso, o presidente mostrou sua admiração pelas conquistas do país, considerando que "é menor que o menor dos estados brasileiros".
O presidente também mencionou que está à disposição de Israel nas áreas de recursos naturais, agricultura e biodiversidade.
Presidente encurtou a viagem
Na manhã de hoje, Bolsonaro ainda visitou a Unidade de Contraterrorismo da Polícia de Israel , onde realizou tiros ao alvo, acompanhado de seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro, e do ministro de Segurança Interna de Israel, Gilard Erdan. Depois, se encontrou com centenas de empresários brasileiros e israelenses que vivem no país.
Durante sua passagem por Israel, Bolsonaro também visitou o Muro das Lamentações acompanhado pelo premiê israelense, Benjamin Netanyahu - o que é considerado um gesto histórico. Tradicionalmente, presidentes não visitam o Muro acompanhados de autoridades de Israel, como forma de manter a equidistância do conflito israelo-palestino.
O presidente, no entanto, encurtou sua viagem. Era esperado que ele voltasse às 11h40 (5h40 do horário de Brasília) de amanhã, após se encontrar com membros da comunidade israelense que vivem em Raamana, cerca de 20 km de Tel Aviv. O encontro foi cancelado por motivos de segurança, e Bolsonaro deve decolar voo às 9h30 (3h30 do horário de Brasília). Ele chega à capital por volta das 18h40. (Com informações da agência EFE)