Primeira produtora de maconha a abrir capital nos EUA estreia com alta de 32%

As ações da Tilray, produtora canadense de cannabis, estrearam nesta quinta (19) com alta de 32% na Nasdaq, no mais recente esforço da indústria da maconha para ingressar no mercado financeiro convencional.

A primeira oferta pública inicial de ações em uma Bolsa dos EUA de uma empresa produtora e distribuidora de cannabis arrecadou US$ 153 milhões (R$ 590 milhões). Com cotação de US$ 22,39 no fechamento do pregão, o valor de mercado da empresa chegou a quase US$ 2 bilhões (R$ 7,7 bilhões).

"[A oferta] "é muito importante para os planos de expansão da indústria da maconha", disse Matthew Kennedy, estrategista de IPOs da Renaissance Capital, que administra fundos cotados em Bolsa que adquirem ações recentemente emitidas.

Ter ações cotadas em uma Bolsa americana dá às empresas acesso a um grande pool de capital e gera publicidade positiva. As Bolsas dos EUA estão autorizadas a oferecer ações de empresas cujas operações sejam legais nas jurisdições em que elas operam.

"Isso cria um caminho muito mais claro para encontrar capital e uma maneira muito mais limpa de investir", disse Sean Stiefel, administrador de carteiras de investimento na administradora de fundos Navy Capital, acrescentando que os EUA estão começando a "institucionalizar" o investimento em maconha.

Brendan Kennedy, presidente-executivo da Tilray, disse que 70% dos compradores de ações no IPO eram investidores baseados nos EUA, 18% deles eram canadenses e 12% eram de fora da América do Norte.

"É uma validação para nós e para todo o setor que [a maconha] seja uma oportunidade mundial", disse Kennedy.

Tanto a Nasdaq quanto a Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) já vinham oferecendo ações de empresas inicialmente cotadas no Canadá e também ações de companhias que operam em negócios relacionados à maconha.

O uso médico da maconha é autorizado em nível federal ou nacional em 29 países, segundo a Tilray, e em outubro o Canadá deve se tornar o primeiro grande país industrializado a legalizar o uso da maconha por adultos em nível federal.

Mencionando dados das Nações Unidas, a Tilray estimou o movimento do mercado mundial da maconha, incluindo vendas ilícitas, em US$ 150 bilhões (R$ 580 bilhões) anuais, com mais de 180 milhões de usuários estimados.

O ímpeto das ações de empresas de maconha e a oportunidade de mercado percebida são um atrativo para compradores, mas existem riscos que vão além das incertezas legais remanescentes. Kennedy apontou que a Tilray continua no vermelho, em um setor altamente competitivo.

Desde que iniciou suas operações, em 2014, a companhia ainda não conseguiu gerar lucros, registrando prejuízo líquido de US$ 7,8 milhões (R$ 30 milhões) em 2017 e de US$ 5,2 milhões (R$ 20 milhões) no primeiro trimestre.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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