Quem sabe, na próxima Copa, teremos uma seleção renovada e brilhante
O filósofo Vampeta, quando era jogador do Flamengo, em uma época em que o clube tinha uma péssima situação financeira, disse que fingia que jogava, enquanto o Flamengo fingia que pagava. Parafraseando Vampeta, o atual Flamengo, que tem as finanças controladas, fingia que corria atrás dos documentos para ter o alvará de funcionamento do Ninho do Urubu, enquanto as instituições públicas fingiam que fiscalizavam e que puniriam os infratores.
A estrutura em que ficavam os garotos não existia oficialmente. Apenas nesta terça-feira (12) foi feita uma minuciosa vistoria. É o país das omissões, do jeitinho, da gambiarra e da casa arrombada.
Nesta quarta-feira (13), pela Libertadores, para se classificar, o São Paulo terá de fazer um jogo brilhante, atípico, e ainda contar com a ajuda do acaso e de muitos erros do Talleres.
O São Paulo deveria, desde o início, pressionar quem estiver com a bola, para tentar recuperá-la onde a tiver perdido e mais perto do gol adversário. Porém, o time, assim como quase todas as outras equipes brasileiras, não tem o hábito de fazer isso.
O São Paulo é também um exemplo de como a qualidade dos times brasileiros é muito inferior aos investimentos. Há vários jogadores fracos. No Brasil, qualquer jogador medíocre passa a ser bastante elogiado após um brilhareco.
A seleção brasileira sub-20, eliminada pela terceira vez nas últimas quatro edições do Mundial da categoria, joga como os mesmos vícios dos clubes brasileiros.
As ausências de Paulinho, ex-Vasco, e, principalmente, de Vinícius Júnior não são justificativas para mais um fracasso, pois, com os dois, o time jogou mal da mesma maneira, nos amistosos antes do Sul-Americano.
Vinícius Júnior tem atuado muito bem no Real Madrid. Ele é extremamente veloz e habilidoso. O Real se aproveita disso, pois organiza as jogadas de um lado, para, em seguida, rapidamente, virar a bola para o outro, para Vinícius Júnior receber livre e diante de apenas um marcador. Ele joga a bola à frente e passa.
Tite deveria fazer o mesmo na seleção, com Neymar, mais pela esquerda, sem o craque voltar tanto para receber a bola. Contra apenas um marcador, ele é imarcável.
Por outro lado, Vinícius Júnior continua cometendo os mesmos erros técnicos da época de Flamengo, além de tomar, com frequência, decisões equivocadas. Contra o Barcelona, ele ficou livre umas três vezes, perto do gol, e errou, na finalização ou no passe.
O raciocínio lógico mais provável, por ele ter apenas 18 anos, é o de que isso vai ser corrigido com o tempo. Tomara! Mas não é certo, pois ele passa a impressão de que já está pronto.
Gabriel Jesus, após as eliminatórias e os primeiros jogos no Manchester City, já era tratado como um futuro grande craque, o que não aconteceu. Hoje é reserva do time inglês e da seleção. É um bom jogador, mas nem tanto quanto se pensava.
Existe uma expectativa, no Brasil, na Espanha e em todo o mundo, de que Vinícius Júnior será o próximo fenômeno brasileiro, como se houvesse um molde, de onde, obrigatoriamente, surgiria um grande craque.
Não é bem assim. Houve várias frustrações, como Robinho, Pato e outros.
Quem sabe, na próxima Copa, teremos, além do trintão e cracaço Neymar, uma seleção renovada e brilhante, com três jovens, Arthur, Paquetá e Vinícius Júnior, muito melhores do que hoje. Dos três, apenas Arthur já é uma realidade para o time brasileiro. Já deveriam ser convocados.