Recusa-se, aqui, a ideia de uma liga europeia sem rebaixamento
Esclareço que a referência ao faturamento do Real Madrid de 80 milhões de euros, aqui referido na coluna da última quinta-feira (8), diz respeito apenas à Liga dos Campeões.
A promessa de um campeonato europeu entre 16 grandes é de render 500 milhões de euros para cada um, sem rebaixamento dos 11 clubes gigantes fundadores da nova liga.
E sobre não haver descenso registro uma opinião mais que respeitável, de José Luiz Portella, inspirador e organizador do Estatuto do Torcedor: "1. A Inglaterra que tem o melhor campeonato de clubes, e o futebol mais rentável no mundo, mantém o rebaixamento. Ninguém estuda melhor como aumentar o faturamento e impulsionar o negócio do que a Premier League.
Se mantém um sistema que vai até várias divisões anteriores é porque, economicamente, é o melhor;
2. Times grandes garantidos na primeira divisão não fariam investimentos nem procurariam melhorar a gestão. Botafogo e Fluminense não têm mais torcida suficiente e o surgimento de clubes emergentes como o Atlético-PR é essencial para o dinamismo econômico;
3. A manutenção do rebaixamento impulsiona os investimentos na parte de cima e de baixo das divisões;
4. Grandes que caem dinamizam a Série B, como aconteceu com todos que caíram, agregando valor econômico que atinge todos os times que a disputam. Os campeonatos da B mais valorizados foram quando Palmeiras, Grêmio e Corinthians estiveram lá. O tal valor que se diz perdido com o São Bento é mais do que compensado pela atuação do grande na B. Todos os times aumentam o faturamento;
5. A acomodação é a negação do desenvolvimento, dizem várias teorias econômicas. A competição e o risco melhoram qualquer ambiente econômico;
6. E para valorizar os pequenos que sobem a CBF, com sua imensa arrecadação, poderia financiar contratações no movimento de busca de diferença menor entre os mais poderosos e os ditos pequenos, como acontece nos EUA nos drafts;
7. O que cabe é reduzir clubes da Série A. O ideal seriam 16, mas pode chegar a 18 com só dois caindo direto e um disputando com terceiro da B, como na Alemanha. Aliás todos os países desenvolvidos economicamente no futebol têm rebaixamento. Não é só pela tradição e justiça, mas por dinheiro também. A Série B poderia ter 18 clubes e a A 16, melhorando a qualidade sem prejudicar o processo de acesso-descenso".
De pleno acordo. Com o que este colunista recua e volta à posição anterior: pelo descenso não só pela meritocracia, mas, também, pelo faturamento.
De fato, se a Premier League não abriu mão do rebaixamento, todos os argumentos enumerados por Portella se justificam.
Gostaria de ver uma discussão sobre o tema entre os ingleses e os americanos da NBA, da NFL e da MLB, as ligas de basquete, futebol americano e beisebol, que não trabalham com rebaixamentos de suas franquias.
Sempre é bom lembrar que o futebol é o esporte mais popular do mundo por algum motivo e um deles talvez seja exatamente a especificidade de sempre premiar o mérito e de punir o fracasso com, pelo menos, uma temporada de quarentena para pensar na vida e se reorganizar.
Verdade que às vezes não dá certo e o Vasco está aí para provar, assim como o Botafogo e o Fluminense.
Atlético Mineiro, Corinthians, Inter, Grêmio e Palmeiras, ambos duas vezes, parecem ter aprendido a lição, embora o Timão esteja novamente flertando com o perigo.