Redes sociais são acusadas de atrapalhar investigações no Reino Unido
A polícia e o governo britânico estão acusando duramente as redes sociais de atrapalharem investigações sobre vários crimes no Reino Unido.
A Scotland Yard, como é conhecida a polícia metropolitana de Londres, diz que o número de crimes envolvendo atividades registradas em mensagens nas redes vem crescendo dramaticamente no país.
Mas os gigantes do setor se negam a fornecer informações sobre esses posts com rapidez, muitas vezes prejudicando as investigações e, em alguns casos, contribuindo para que os criminosos não sejam encontrados.
A chefe da Scotland Yard, Cressida Dick, diz que há casos em que as empresas responsáveis pelas plataformas demoram até 18 meses para entregar informações potencialmente críticas para a solução de diversos casos.
Muitos desses crimes tem origem, segundo a polícia, em comentários agressivos e abusivos transmitidos por mensagens privadas nas redes.
Por isso, a análise dessas informações é fundamental para as investigações.
Em outros casos, as mensagens simplesmente dão pistas para a polícia identificar e prender criminosos dos mais diversos tipos –inclusive assassinos.
As gigantes da tecnologia são baseadas nos Estados Unidos e não tem obrigação legal de passar as informações de contas privadas para a polícia britânica e de vários outros lugares do mundo.
Além disso, as redes sociais –que, como se sabe, também são constantemente acusadas de não fazer o suficiente para conter discursos de ódio— dizem que também estão defendendo o direito de privacidade de seus usuários.
A posição delas é razoável, pelo menos em tese.
Mas, na prática, dizem os policiais, isso acaba ajudando criminosos.
A polícia quer mudar esse estado de coisas e conta com um aliado importante: o ministro do Interior do país, Sajid Javid.
O ministro ameaçou diretamente as gigantes da tecnologia com uma nova legislação que as obrigaria a entregar as informações assim que a polícia solicitar.
O ministro se diz preocupado especialmente com crimes envolvendo o abuso de crianças online.
Ele diz que não está pedindo, mas sim “exigindo” que as empresas façam muito mais para proteger as crianças de eventuais abusos.
Javid não deu detalhes da possível nova lei, mas disse que as empresas têm todas as condições de colaborar muito mais diretamente com as autoridades no combate ao crime.
E cita como exemplo a luta contra o terrorismo. Nesses casos, as gigantes de tecnologia (incluindo redes sociais e empresas de busca na internet) decidiram colaborar de maneira muito próxima com as autoridades dos países ocidentais.
Isso ajudou muito a polícia de vários países a prender e monitorar pessoas mesmo antes de ataques.
Talvez ações parecidas possam ajudar a melhorar as investigações sobre crimes comuns.