Sem Cristiano Ronaldo, Real Madrid vive pior seca de gols desde 1985
Pode ser apenas uma coincidência. Mas o fato é que o Real Madrid, o fabuloso Real Madrid, na primeira temporada sem a máquina de fazer gols Cristiano Ronaldo – que defendeu o clube por nove anos –, vive uma seca de gols.
Não uma seca qualquer, mas a pior em mais de 33 anos.
São quatro partidas sem que a bola balance a rede do adversário: Sevilla (0 a 3), Atlético de Madri (0 a 0) e Alavés (0 a 1), pelo Campeonato Espanhol, e CSKA Moscou (0 a 1), pela Liga dos Campeões da Europa (Champions League).
Sequência pior só foi vista em abril de 1985, quando o time merengue permaneceu sem fazer gol por cinco jogos, com derrotas para Athletic Bilbao (0 a 2, Copa do Rei), Atlético de Madri (0 a 4, Espanhol), Inter de Milão (0 a 2, Copa da Uefa), Valencia (0 a 1, Espanhol) e Hércules (0 a 1, Espanhol).
Essa equipe do Real tinha o ataque formado por dois artilheiros (Butragueño e Valdano) e um meio-campo com armadores de ótimo nível (Martín Vázquez e Míchel), insuficientes para evitar o sumiço dos gols.
O jejum resultou na demissão do treinador Amancio Amaro, que caiu depois do revés ante o Valencia, sendo substituído por Luis Molowny.
Hoje, não é só a falta de gols que incomoda torcida e direção madridistas. São quatro partidas em série sem vitória, algo que não acontecia havia mais de nove anos.
Em maio de 2009, o Real perdeu de Barcelona (2 a 6), Valencia (0 a 3), Villarreal (2 a 3), Mallorca (1 a 3) e Osasuna (1 a 2).
O técnico era Juande Ramos, o centroavante era Raúl (um dos grandes ídolos da história do clube) e integravam o elenco os ainda jovens Sergio Ramos, Marcelo, Robben e Higuaín.
São dias difíceis para o atual treinador, Julen Lopetegui.
O mesmo que, estando à frente da seleção da Espanha, foi demitido pela federação do país às vésperas da Copa do Mundo por ter aceitado convite do Real – que buscava um substituto para o laureado Zinédine Zidane – sem avisar seus superiores.
O treinador do Real Madrid, Julen Lopetegui, durante o jogo contra o Alavés pelo Campeonato Espanhol (Vincent West – 6.out.2018/Reuters)
O diário esportivo AS, um dos principais de Madri, publicou que o presidente do Real, Florentino Pérez, reuniu-se na semana passada com Lopetegui em um jantar para dar-lhe uma espécie de “aviso prévio”.
O próximo jogo da equipe é no dia 20 (sábado), depois da pausa nos campeonatos europeus para as partidas das seleções na data Fifa. Receberá o pequeno Levante, no Santiago Bernabéu.
Nessa partida os incensados jogadores do time (Modric, Kroos, Bale, Benzema e companhia) tentarão evitar igualar duas sequências históricas desabonadoras (cinco jogos sem vencer e cinco jogos sem fazer gol) e preservar o emprego do chefe.
Qualquer resultado que não seja a vitória deve encerrar a curta carreira de Lopetegui no gigante madrilenho, maior vencedor da Champions League (13 vezes) e do Espanhol (33 vezes) e que em valor de mercado, segundo a revista Forbes, vale quase US$ 4,1 bilhões (R$ 15,2 bilhões).
Em tempo 1: Outros treinadores de grandes clubes que têm o trabalho bastante contestado neste começo de temporada são José Mourinho (o Manchester United ficou quatro jogos seguidos sem ganhar e ocupa a oitava colocação no Campeonato Inglês) e Niko Kovac (o Bayern de Munique está há quatro partidas sem vitória e é o sexto no Campeonato Alemão).
Em tempo 2: Enquanto isso, a Juventus, com Cristiano Ronaldo, reina na Itália, como tem sido praxe desde 2011/2012. São oito vitórias em oito partidas no Campeonato Italiano e uma invencibilidade total de dez jogos (somente vitórias, nada de empates).