Spotify chega aos 100 milhões de assinantes pagantes, e prejuízo cai

O Spotify chegou à marca de 100 milhões de assinantes pagantes mais rápido do que Wall Street esperava, e ao mesmo tempo se diversificou da música para os podcasts, enquanto busca um caminho para a lucratividade em longo prazo.

A empresa elevou seu número de assinantes pagos em quatro milhões no primeiro trimestre deste ano, acima dos três milhões projetados pelos analistas. Executivos do Spotify anunciaram crescimento superior ao esperado nos Estados Unidos.

"Os Estados Unidos são um mercado tão imenso para nós que qualquer probleminha sofrido lá dificulta o desempenho do resto do negócio", disse Barry McCarthy, vice-presidente de finanças da empresa.

"Assim, você sabe automaticamente que os Estados Unidos foram um mercado forte. Mas não houve uma atividade promocional determinada que eu possa identificar [como propulsor do crescimento]. Às vezes o vento simplesmente está a favor. O trimestre passado foi um desses casos".

O Spotify adquiriu as startups de podcasts Gimlet Media, Anchor e Parcast, este ano, em um esforço para investir em outras áreas que não a música, para se diferenciar de concorrentes como a Apple e a Amazon.
O streaming de música é um mercado superlotado, com diversos serviços oferecendo um catálogo idêntico de cerca de 50 milhões de canções. O Spotify, em contraste, espera que podcasts exclusivos o ajudem a conquistar mais clientes.

Controlar empresas de podcast permite que o Spotify evite os custos de licenciamento que paga pelo conteúdo musical, e que no momento significam transferência de cerca de dois terços de sua receita a gravadoras e detentores de direitos autorais.

McCarthy disse que o Spotify adquiriu as três empresas de podcasts que tinha em sua mira inicialmente, mas que a companhia continua a vasculhar o mercado em busca de novas oportunidades.

"É um setor tão novo que existem poucas companhias com escala suficiente para que você possa adquirir, se assim desejar", ele disse. "Se identificarmos algumas, certamente temos poder de fogo em nosso balanço. E por isso continuaremos a procurar e a conversar com as pessoas constantemente".

A empresa registrou prejuízo operacional de € 47 milhões (R$ 207 milhões) no trimestre, sobre receita de € 1,51 bilhão (R$ 6,65 bilhões). Os analistas previam prejuízo de € 69 milhões (R$ 304 milhões) sobre receita de € 1,47 bilhão (R$ 6,48 bilhões). Mas o número total de usuários do Spotify, incluindo os do serviço gratuito, ficou em 217 milhões, perto do limite mais baixo da projeção da empresa.

A margem bruta de lucro foi de 24%, superando a projeção de consenso de 24,7%.

O Spotify recentemente iniciou negociações importantes de licenciamento com detentores de direitos autorais, que podem afetar sua margem de lucro por diverso anos. O serviço de streaming precisa fechar acordos com a Universal Music (do grupo Vivendi), com a Sony Music e com a Warner Music, que juntas controlam cerca de dois terços do catálogo do Spotify.

McCarthy disse que as negociações estavam indo "muito bem", mas se recusou a acrescentar detalhes antes que elas cheguem a uma conclusão. "Não estamos prevendo um grande desordenamento ou um evento de grande impacto", quanto ao novo valor dos royalties, ele disse.

As ações do Spotify subiram em até 4,7% antes da abertura do mercado. Elas acumulam mais de 20% de alta no ano.

Financial Times, tradução de Paulo Migliacci

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