“Temos muitas empresas com ideias e não temos capacidade para escalar”
O Comissário Europeu Carlos Moedas admitiu que há um problema de escala para a Europa conseguir criar campeões de inovação, e que a culpa é da fragmentação que ainda existe no espaço europeu.
Não é por falta de ideias que a Europa não tem mais empresas “campeãs” na inovação, mas há um problema já identificado de escala, fruto da fragmentação, que faz com que as empresas não cresçam, ou que tenham que se localizar noutros países para o fazerem.
O diagnóstico não é novo, mas Carlos Moedas, Comissário Europeu da Investigação, Ciência e Inovação, voltou hoje ao tema na conferência de imprensa no Web Summit, em resposta a uma questão de um jornalista.
“Temos muitas empresas com ideias e não temos capacidade para escalar […] temos de ajudar as empresas a ganhar escala”, referiu o Comissário. Se olharmos para o futuro da tecnologia e as principais tendências, da inteligência artificial, realidade virtual e computação quântica, há desenvolvimento e ideias inovadoras na Europa, mas a fragmentação do mercado não facilita o crescimento das empresas.
“Estamos ainda muito fragmentados, cada um quer ter as suas regras próprias”, afirmou o Comissário lembrando que desta forma estamos a fragmentar um mercado que podia ser único com 500 milhões de consumidores. “Não temos de ter as mesmas regras mas os mesmos princípios”, defendeu, explicando que a fragmentação que existe quebra essas regras.
Cidades inovadoras e um prémio de 1 milhão de euros
Carlos Moedas entregou hoje o prémio de Capital de Inovação a Atenas, a cidade vencedora deste ano do prémio financiado pelo programa Horizonte 2020. O prémio de 1 milhão de euros distingue os projetos mais inovadores, e entre os finalistas estão Aarhus (Dinamarca), Hamburgo (Alemanha), Leuven (Bélgica), Toulouse (França) e Umeå (Suécia), que recebem 100 mil euros cada uma.
Nenhuma cidade portuguesa chegou a finalista, e Lisboa terá sido a única candidata a um prémio que resulta de uma decisão do júri, como explicou Carlos Moedas em resposta ao SAPO TEK. “O que digo às cidades portuguesas é que voltem a candidatar-se e tentem novamente”, afirmou, explicando que a decisão depende muito da criatividade e da imaginação dos projectos e que a escolha é por mérito e não uma decisão política.
Na sua apresentação, Carlos Moedas lembrou que as cidades são faróis de inovação e que ao mesmo tempo podem atrair talento e oportunidades de investimento criando melhores condições de vida para os cidadãos.
Entre as inovações reconhecidas na cidade de Atenas estão o projecto Polis2 para revitalizar edifícios abandonados, a renovação do mercado público de Kypseli e a iniciativa Curing the Limbo, que dá aos refugiados e migrantes a possibilidade de se ligarem a outros residentes para aprender a língua e desenvolver novas capacidades.
O prémio dirige-se a cidades com mais de 100 mil habitantes, de Estados Membros da UE e países associados ao Horizonte 2020. Este ano candidataram-se 24 cidades de 16 países. Entre os vencedores de edições anteriores estão Barcelona, Amesterdão e Paris.