Três jornalistas são assassinados no México em quatro dias
Nesta semana, três jornalistas foram assassinados no México e uma redação foi atacada com bombas incendiárias, numa escalada da violência contra a imprensa no país.
O repórter Jorger Celestino Ruiz, do jornal Gráfico de Xalapa, foi morto a tiros em Actopan, no estado de Veracruz, na noite de sexta-feira (2). "Foi um ataque direto de arma contra ele", disse o prefeito da cidade, Paulino Dominguez. Ainda não foi apontado nenhum culpado.
O assassinato de Ruiz ocorre menos de 24 horas depois que Édgar Alberto Nava, diretor e editor do portal de notícias La Verdad de Zihuatanejo, no estado de Guerrero também foi morto em circunstâncias ainda não esclarecidas pelas autoridades.
Na terça-feira (30), o corpo de Rogelio Barragán, diretor do portal Guerrero Al Instante foi encontrado no porta-malas de um carro abandonado no estado vizinho de Morelos.
Na quarta-feira (31), os escritórios do jornal El Monitor de Parral, na cidade de mesmo nome, no estado de Chihuahua, foram atacados com bombas incendiárias.
Depois do ataque, o diretor do jornal disse que se tratou de uma ameaça para pressionar os meios a deixar de dar notícias sobre política e crimes, e que eles pensavam em parar de acompanhar estes temas para preservar sua integridade.
O governador de Veracruz, Cuitláhuac García, condenou "o covarde assassinato" de Ruiz e prometeu encontrar os responsáveis. "Seu assassinato não ficará impune. Por horas continuamos na operação coordenada para capturar os culpados", escreveu em uma rede social.
O procurador do Estado, Jorge Winckler, confirmou no sábado o início de uma investigação sobre o crime.
Ruiz contava com medidas de proteção para ele e sua família devido a ameaças recebidas por seu trabalho que, no entanto, não estavam sendo cumpridas.
Uma fonte policial que pediu anonimato disse à AFP que a casa de Ruiz foi atacada a tiros em outubro passado. Na ocasião, também houve disparo de tiros contra seu carro, para intimidá-lo. Não foi informado quem teria realizado esses ataques.
Colegas de Ruiz disseram que, após a denúncia, ele passou a evitar assinar suas matérias, para não chamar a atenção.
Repórteres da região convocaram protestos para exigir justiça pela morte de Ruiz,
Até quinta-feira, os Repórteres Sem Fronteiras somavam o assassinato de oito jornalistas no México em 2019.
Em um comunicado, a CNDH alertou na sexta-feira que os atentados deixam claro o clima de insegurança enfrentado pelos profissionais de imprensa, assim como o alto nível de violência e as condições adversas que cercam o exercício do jornalismo no México.