20 anos o Enem
Inicia-se, neste domingo, mais uma edição do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que completa, em 2018, 20 anos de existência. Criado inicialmente para avaliar a qualidade desse nível de escolaridade, passou, a partir de 2009, a ser usado para entrada no ensino superior, com importante papel na democratização do acesso a instituições públicas e privadas de ensino terciário.
Para tanto, mecanismos complementares foram criados, como o Prouni, que oferece bolsas para alunos de baixa renda, desde que obtenham certa pontuação no exame ou o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que permite às instituições públicas de todo o país oferecerem vagas a candidatos participantes do Enem.
Assim, não há necessidade de se prestar um exame de entrada para cada universidade ou escola em que se deseja matricular, com as complicações práticas como custos de passagens ou coincidência de datas dos certames.
A prova apresenta, além disso, uma configuração melhor do que o tradicional vestibular, por ser mais focada (embora ainda mantenha certo “enciclopedismo”) em competências básicas necessárias para a vida universitária. Aumentou, também, muito o número de instituições que aceitam o Enem como parte do processo de admissão para todos ou para alguns dos alunos.
A reforma do ensino médio, aprovada em 2017, ainda demanda, para maior clareza de suas características, da homologação da Base Nacional Comum Curricular, atualmente em discussão no Conselho Nacional de Educação. Assim, ainda não sabemos que tipo de mudança será necessário no Enem para adequá-la aos diferentes itinerários formativos ali previstos.
O SAT, prova educacional padronizada aplicada, nos EUA, a estudantes do ensino médio, como critério de admissão em universidades no país, já prevê provas diferentes de acordo com o interesse do aluno ou exigências da escola que se pretende cursar. Isso faria muito sentido no nosso caso.
Mas devemos também considerar o quanto que um exame como o Enem influencia o que se ensina. O aumento das questões e dos temas demandados na matriz do exame leva a uma abordagem fragmentada, em sala de aula de escolas de ensino médio, que não deixa espaço para aprofundamento dos saberes ensinados.
Desta forma, resta pouco tempo para se ensinar a pensar, algo vital para o desenvolvimento das competências necessárias para o século 21, utilizando o ferramental de cada domínio de conhecimento. Afinal, é bom lembrar o Brasil tem apresentado um desempenho pífio em testes internacionais em raciocínio matemático, pensamento científico e resolução criativa de problemas.