Candidatos na Ucrânia se enfrentam em estádio com 60 mil pessoas
Os dois candidatos que disputarão a Presidência da Ucrânia em segundo turno neste domingo (21) se enfrentaram no primeiro e último debate da campanha eleitoral em um cenário tão inusual quanto toda a narrativa da disputa: o Estádio Olímpico de Kiev.
Foi um final adequado para uma campanha que estava completamente dispersa até dezembro, quando entrou em cena um personagem novo e surpreendente: o comediante Volodimir Zelenski, que viveu na TV o papel de um professor de história que se elege presidente da Ucrânia após ter um discurso anticorrupção viralizado na internet.
Em dois meses ele já liderava a corrida, e venceu o primeiro turno com 30% dos votos, deixando o presidente Petro Porochenko num distante segundo lugar, com 16%. Agora, as pesquisas prevêem sua vitória por margens amplas —algumas apontam até 70% das intenções para Zelenski.
Após faltar a um primeiro encontro, Zelenski aceitou debater com o presidente no maior estádio da Ucrânia. Cerca de 60 mil pessoas participaram do encontro, que teve clima de enfrentamento esportivo, com gritos, bandeiras e apupos.
Segundo os relatos da imprensa ucraniana, não houve um vencedor claro no embate, até pelo clima quase circense. Porochenko levou mais apoiadores, contudo, a julgar pelas imagens disponíveis.
Ambos os candidatos se acusaram mutuamente ao longo do debate. O comediante buscou classificar o presidente como responsável pela difícil situação econômica ucraniana e por não ter achado uma solução para o conflito com a Rússia, que em 2014 anexou a península da Crimeia e incitou uma guerra civil separatista no leste do país após ver o presidente que apoiava ser derrubado em Kiev.
"Eu não sou um político. Eu sou só uma pessoa comum que veio para quebrar o sistema. Sou o resultado de seus erros e promessas", disse o comediante, de 41 anos, ao presidente de 53. A riqueza pessoal de Porochenko, um magnata do ramo de chocolates, também foi alvo de críticas.
Já o presidente apontou a inexperiência e o que chamou de "fraqueza política" de Zelenski, afirmando que ele irá entregar o país aos desejos do presidente russo, Vladimir Putin, por sua falta de habilidade.