Por vaga na Otan, Macedônia vota troca de nome em referendo
A população da Macedônia vai às urnas neste domingo (30) em um referendo para decidir se o país trocará o nome para Macedônia do Norte, pondo fim a uma disputa com a Grécia e abrindo caminho para sua entrada na Otan, a aliança militar ocidental.
A Grécia, país membro da Otan e da União Europeia, há muito vem bloqueando os esforços da Macedônia de juntar-se à aliança, alegando que seu nome implica em ambições territoriais sobre sua província do mesmo nome, terra natal de Alexandre, o Grande.
A disputa teve início nos anos 1990, quando o pequeno país dos Bálcãs declarou independência da ex-Iugoslávia. As tensões cresceram, e Atenas impôs um embargo contra o novo país.
Após décadas de conversas mediadas pela ONU, mudanças no governo macedônio em 2017 reacenderam as esperanças de uma solução. Por um acordo alcançado em junho entre o premiê macedônio, Zoran Zarev, e o premiê grego, Alexis Tsipras, a Macedônia trocará seu nome para Macedônia do Norte, e a Grécia retirará suas objeções para que o país entre na Otan.
O termo "Macedônia" remonta ao antigo reino, outrora governado por Alexandre. Os gregos, que consideram este um dos pontos altos de sua história, veem o uso do nome por seu vizinho do norte como uma tentativa de usurpar sua história.
A área geográfica coberta pelo antigo reino agora inclui a Macedônia e partes da Grécia e da Bulgária.
Para o país saído da ex-Iugoslávia, o nome foi uma maneira encontrada pelos políticos para instigar o orgulho nacional.
Os nacionalistas macedônios começaram a produzir mapas, incluindo Salônica, a segunda maior cidade da Grécia. Nikola Gruevski, um primeiro-ministro conservador que estava no poder entre 2006 e 2016, entrou em uma farra de construção, erguendo estátuas de gregos antigos no centro da capital macedônia de Skopje e nomeando a principal rodovia e aeroporto internacional do país depois de Alexandre, o Grande.
Os gregos ficaram horrorizados.
Sem uma solução, o país continuou a sendo oficialmente reconhecido pelo nome e foi admitido na ONU como a Ex-República da Iugoslávia da Macedônia.
No domingo, eleitores responderão à pergunta: "Você está a favor da associação à União Europeia e à Otan ao aceitar o acordo entre a República da Macedônia e a República da Grécia?".
O presidente macedônio, Gjorge Ivanov, é contrário ao acordo, que chamou de uma "violação flagrante da soberania". Opositores têm defendido um boicote à votação.
Pela Constituição do país, um referendo precisa reunir um mínimo de 50% de participação para ser considerado válido.
Mas o governo tem dito que a votação é apenas uma consulta, já que não foi um passo previsto no acordo entre Grécia e Macedônia.
Caso o "sim" vença, o governo começa a preparar a emenda à Constituição para implementar a mudança. A emenda tem então de ser ratificada pelo Parlamento com uma maioria de dois terços dos 120 assentos. Caso seja aprovado, o acordo precisará então ser ratificado pelo Parlamento grego.
Zaev disse que vai renunciar se o "não" vencer, e então o acordo com a Grécia cai por terra.
O chefe do parceiro de coalizão de Tsipras, Panamos Kamenos, líder do partido de direita Gregos Independentes, disse que irá se opor ao acordo no Parlamento.